tag:blogger.com,1999:blog-130462172024-02-20T03:24:09.055-08:00THE EMBRÓGLIOJoel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1127907680749417272005-09-28T04:39:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.440-07:00… E DEPOIS?<em>“Essa é uma questão que nunca me foi colocada.”<br /></em>– ?<br /><br />Até prova em contrário, este será o meu último artigo. Quero, portanto, escrever uma coisa banal.<br />Há uns tempos atrás – quando, não interessa, nem tão pouco vou dizer – coloquei uma questão a uma pessoa e a resposta que me foi dada foi “Essa é uma questão que nunca me foi colocada”. Lamento ter colocado numa situação embaraçosa alguém que só muito recentemente começou a desempenhar funções.<br />O meu último artigo irá debruçar-se sobre este tipo de situações: questões simples e directas que ao invés de serem respondidas de forma clara e honesta são respondidas de forma evasiva e dúbia, quando não falsa.<br />A pessoa em questão sabe que me estou a referir a ela – pelo menos, assim creio – e quero deixar bem claro que o seu nome não será aqui mencionado. Não é este o espaço indicado. Por muita vontade que possa ou não ter.<br />A resposta “essa é uma questão que nunca me foi colocada” é, ainda assim, interessante e dá a ideia que, realmente, ninguém se lembrou de lhe colocar essa questão. Está, assim, ao nível de alguém perguntar ao Primeiro-Ministro como é que ele vai reduzir o défice orçamental sem reduzir o investimento público. (Falando de questões actuais.) Ninguém lhe perguntou isso ainda – do que é que estão à espera? – ninguém perguntou o que é que se vai fazer para combater o aumento da taxa do desemprego. Perguntem a alguém que tenha ganho o primeiro prémio do Euromilhões se gostou de ganhar. Será que a resposta a qualquer uma destas questões será “Essa é uma questão que nunca me foi colocada”?<br />Para mim, a resposta é <strong>não</strong>. E <strong>não</strong> porque essas questões já foram colocadas mais que uma vez e respondidas, também, mais do que uma vez. A diferença está em que numas vezes são respondidas de forma mais clara e honesta do que em outras.<br />Não há nada pior do que colocar uma questão e não receber uma resposta. Ou melhor, há. Colocar uma questão e receber uma resposta que não esclarece e ainda suscita mais dúvidas é pior. Entre o não responder e o responder com o intuito de confundir, a minha escolha está feita.<br />Desde Março que escrevo para este jornal e uma das críticas que mais me têm apontado é a divagação. É verdade. Divago, sou indirecto, subtil e irónico. Mas posso e consigo ser o oposto. Já o fiz em mais que uma ocasião e creio que é altura de o fazer novamente.<br />Num artigo anterior <strong>[Especulação]</strong> abordei a questão das classificações. Relembro àqueles que não leram esse artigo quais eram – e continuam a ser – as minhas dúvidas.<br />Especulei, o termo é mesmo esse, sobre os critérios de divulgação das notas. Existem formadores que estão autorizados a divulgar as notas que vão atribuir no final dos módulos e formadores que não estão autorizados. Questionei então o porquê dessa situação e frisei que <strong>o meu propósito não era pôr em causa a minha avaliação, mas apenas analisar o meu desempenho</strong>.<br />A situação de fazer um trabalho ou um teste ou seja o que for e depois não se saber a nota ou saber, mas não poder ver a correcção, desagrada-me. Talvez seja um caso raro.<br />Terminei o meu Curso na sexta-feira passada, por isso talvez seja tarde para levantar polémicas. Ainda assim, sinto-me no dever e no direito de o fazer.<br />Informações como classificações, faltas e outras estão incluídas no <strong>Dossier Pedagógico</strong> de cada formando. De acordo com o Regulamento do Formando, o formando pode requisitar a consulta do seu processo a qualquer altura da formação. É um direito que nos assiste e é um direito que me foi negado.<br /><strong>Os formandos têm acesso ao Dossier Pedagógico?<br />Essa é uma questão que nunca me foi colocada.<br /></strong>Talvez tenha sido a primeira vez, de facto, que a questão foi colocada, mas não será, com certeza, a última.<br />Costuma-se dizer “quem não deve, não teme” e este secretismo só dá azo a rumores e desconfiança. Não gosto de falar por outros, mas pessoalmente acredito que certos casos ocorridos neste Centro teriam sido processados de outro modo, caso houvesse uma maior transparência.<br />Penso que, no fundo, é isto que realmente incomodou algumas pessoas que leram os meus artigos, e não tanto a divagação. Descansem, meus senhores e minhas senhoras, o “puto”, como tão carinhosamente me chamavam, em breve irá vos deixar em paz.<br />Mas, antes, vou obter as respostas que procuro.<br />Uma última nota em tom de irreverência, se eu sou “puto”, vocês são “cotas”.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1126697393316400592005-09-14T04:27:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.383-07:00O REGRESSO ÀS AULASRegressei a Tomar no passado dia 31. Circunstâncias infelizes obrigaram a que o meu período de férias fosse passado, não a gozar essas férias mas, a concluir trabalhos do Curso que não tivera oportunidade de concluir antes.<br />Foi precisamente no dia 31 que vim almoçar ao Centro de Formação e tomei contacto com um novo cenário: uma nova Directora. Creio que até aqui alguns de vocês estavam a pensar que eu ia fazer pouco dos autores da nova... decoração (no sentido mais amplo do termo) do Refeitório. Pessoalmente, não desgosto. Para uma criança de 7 anos até está muito bom. No entanto, não é este o assunto desta semana.<br />Antes de prosseguir, permitam-me que diga o seguinte: eu não conheço a nova Directora. Já me cruzei com a senhora nos corredores, mas nunca falei directamente com ela. Deste modo, vou-me centrar apenas em aspectos executivos e nunca em aspectos pessoais. Posso criticar as ideias, as medidas, mas não a pessoa. Notem também que “criticar” não implica falar mal – às vezes também é falar bem. Acima de tudo, quero ser imparcial o mais possível; por isso, volto a dizer, estes artigos – e este em particular – são sempre escritos como cronista e nunca como formando. Confesso que, algumas vezes, fugi ao cumprimento desta regra mas, desta vez tentarei não o fazer.<br />É precisamente essa distinção entre formando e cronista que é preciso ter em conta ao ler isto.<br />A contestação tem sido imensa – ou dizem que tem sido imensa. Num jornal da região, a Directora Lucília Vieira indicou que apenas 5% dos formandos haviam demonstrado descontentamento com as novas medidas. Não tive oportunidade de comprovar estes números – nem faço tenções de – mas, uma coisa é certa, há exageros. Tanto do lado da Direcção, como do lado dos formandos.<br />As regras afixadas e que tanto descontentamento têm provocado vêm no Regulamento do Formando. Em declarações a um jornal local, a Directora terá afirmado que essas regras vêm no Contrato de Formação. Na altura em que escrevo este artigo não tenho como comprovar ou desmentir essa afirmação. Vou acreditar que é assim.<br />São três, as regras da discórdia:<br /><br /><strong>1 [No Átrio de entrada]<br />Agradecemos a não permanência de formandos nesta entrada.<br /><br />2 [na Portaria]<br />Só é permitida a entrada a formandos, formadores, funcionários ou pessoal de apoio.<br /><br />3 [na Portaria]<br />Os formandos devem permanecer no Centro durante o período diário de formação. Quem sair, não pode reentrar.<br /></strong><br />Todas as regras estão presentes no Regulamento do Formando. Algumas encontram-se escritas de maneira diferente, mas o significado está lá.<br />Creio que é altura de fugir um pouco à seriedade e colocar algumas questões “pertinentes”.<br />Em relação à primeira regra, a permanência é permitida a formadores ou funcionários? A permanência nas outras entradas também é proibida? No caso da entrada ser considerada saída, a regra mantém-se aplicável?<br />Há mais. "Pessoal de apoio". O que é "pessoal de apoio"? Quando um formando se sente desmotivado e liga a alguém para vir dar apoio moral, essa pessoa pode entrar?<br />Por fim – e esta não é brincadeira – o que acontece aos alunos que <strong>só</strong> têm aulas à tarde e venham de manhã para fazer trabalhos? Não podem sair para almoçar? Esta, eu tive o cuidado de perguntar a um dos Seguranças da Portaria e a resposta que me foi dada foi "Tecnicamente, nem devia poder entrar de manhã."<br />Sejamos claros, eu estou na minha última semana de aulas, não tenho mais trabalhos para entregar, mas há outros formandos que não estão na mesma situação que eu. Formandos que tendo aulas à tarde precisam de utilizar a Mediateca de manhã. Se não estão autorizados a entrar fora do seu período de aulas – e o inverso também acontece, segundo me disseram, embora tenha algumas dúvidas em relação a isso – quando é que se utiliza a Mediateca <strong>para os fins que está supostamente destinada?<br /></strong>Nos intervalos?<br />Durante as aulas?<br />Esta situação em particular parece um pouco irrisória. Diria até, surrealista.<br /><br /><em></em><br /><em>"Tudo tem um fim. Só a salsicha tem dois."</em><br /><em> - </em>Proverbio Alemão<br /><br /><br />Como formando, situo-me uma parte nos 5%, outra nos 95%. Trata-se dum excesso de zelo que, em certos casos não é compreensível ou, pelo menos, aplicável. Invocam-se diversas razões. Problemas com álcool, por exemplo. Não vou perder tempo a explicar que o Segurança tem autoridade – SUPONHO – de impedir que o formando entre caso este esteja embriagado. Parece-me lógico que seja assim e não o que se passa. São invocadas razões de segurança. Concordo plenamente com as declarações da Directora neste sentido. Os pais ficam mais descansados sabendo que os seus filhos estão no local de formação protegidos. A minha questão é: e os pais que são formandos sentem-se confortáveis com isso? É a velha regra: por uns, pagam os outros. Habituámo-nos a ver isso, a compreender e, dentro do possível, a aceitar. Faz parte da sociedade, quer se queira, quer não.<br />Como cronista, e é isso que aqui importa, estou 100% de acordo. Já era tempo de alguém "pôr mão nisto", como diz o povo. Aliás, para não pensarem que estou a ser irónico, eu digo: não senhor! Ironia seria, por exemplo, propor algumas regras extra tais como:<br /><br /><strong>4 - Os formandos que não saibam a matéria de trás para a frente deverão usar um chapéu em cone com a etiqueta "BURRO" e sentar-se a um canto, virados para a parede.</strong><br />De certeza que há formandos que merecem e formadores que só esperam por uma autorização para o poderem fazer. E reparem, eu não me estou a esquivar a nada.<br /><br /><strong>5 - Meninas de cor de rosa e meninos de azul.</strong><br />Isto porquê?<br />Porque na eventualidade de precisarmos de fazer uma análise por infravermelhos, os homens distinguem-se das mulheres pela cor da sua indumentária.<br />Pronto, é mentira. A cor da indumentária não tem qualquer relevância neste caso. Além disso, a eventualidade da precisarmos fazer uma análise por infravermelhos é tão elevada quanto, passe o exagero, eu almoçar no Refeitório e dizer, alto e bom som, "Sim, senhor! Que bela comida! Hmmm... Isto hoje..."<br />Por tudo isto, e por outras coisas que não digo aqui, concluo: estas regras – as minhas – são estúpidas.<br />Num artigo anterior disse que o exemplo deve vir de cima. Outro exemplo de ironia seria dizer que a Directora dá o exemplo, almoçando no Refeitório. Revelo aqui a minha ignorância, dizendo que<strong> não sei</strong> se a Directora almoça ou não no Refeitório. Caso não almoce, não pretendo com isto obrigá-la a almoçar no Refeitório apenas para dar o exemplo. Apenas acho que não deviam ser colocadas condições tão restritivas a quem não se sente bem a almoçar no Refeitório.<br />Devo dizer, para que não hajam mal-entendidos, que eu não me sinto prejudicado por isso, uma vez que posso almoçar em casa. Também não é segredo nenhum que não me incluo na lista de pessoas que consideram as refeições fornecidas pela Solnave saborosas e nutritivas. Acreditar que os formandos almoçam no Refeitório porque gostam da comida e não porque não podem sair durante o período de almoço parece-me um pouco ingénuo. Mas, é a minha opinião – vale tanto quanto qualquer outra.<br />Mas, nem tudo é mau e há um aspecto positivo no meio disto tudo. Pelas informações que tenho recolhido, o tempo de espera no Refeitório aumentou. Por outras palavras, o serviço é ainda mais lento do que era antes. Isto é uma vantagem.<br />Porquê?<br />Porque assim o formando, ou formador, ou seja lá quem for, tem mais tempo para se aperceber do que está prestes a fazer e ir almoçar a outro lado. No caso do formando, entenda-se como “outro lado”, o bar (que por acaso fica mesmo ao lado); no caso dos formadores e outros elementos, as opções são mais amplas.<br />Para acabar, alguns esclarecimentos.<br />Não me coloco no lado da Direcção, assim como também não me coloco no lado dos formandos ou do lado do dono do Chamonix. Reconheço os argumentos das três partes, concordo com alguns, discordo doutros. Mas não vou escolher lados. Estou a menos de duas semanas de acabar o Curso e não quero – não vou – começar guerrilhas desnecessárias. O facto de demonstrar o meu descontentamento geral surge como um exercício jornalística, a expressão da minha opinião e não como um ataque pessoal a alguém em particular.<br />A direcção dos Centros de Emprego é um cargo político. Não me admira, por isso, que alguns possam considerar este meu artigo um protesto contra esse sistema. Não vou dizer se concordo ou não – apenas digo: gosto tanto de rosas, quanto gosto de laranjas. No meu ver, o desempenho dos cargos depende mais da capacidade da pessoa, do que da cor que defende.<br />Ainda é cedo para colocar rótulos, creio eu. Há que aprender com os erros.<br />Eu tento.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1126175972927284732005-09-08T03:38:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.320-07:00ARTIGO DE FÉRIASDois meses afastado de Tomar é muito tempo. Sim, é verdade. Embora não tenham reparado, estive dois meses fora em estágio e, agora que me preparo para regressar a terras nabantinas, é se calhar altura de voltar atrás no tempo e fazer um rescaldo do que foram esses dois meses.<br />Existem vários físicos que afirmam a possibilidade de viajar no tempo. O processo é demasiado longo para ser descrito em tão poucas palavras, mas está ao nível da teoria de sermos capazes de atravessar paredes Notem que isto não é a piada. Quem me contou isto foi um licenciado em Física. (Talvez estivesse a gozar com a minha cara, mas eu sempre acreditei nele mesmo naquelas alturas em que ele costumava percorrer a Rua Augusta nu a gritar "Vem aí a retoma!"<br />De qualquer modo, teorias à parte, o regresso ao passado de que vos falo será feito apenas a nível virtual; neste caso concreto, até ao primeiro artigo do meu agora finito "pseudo-hiato".<br />Nunca o referi nos artigos posteriores mas, pouco depois da publicação do primeiro "pseudo-hiato" fui transferido para outro local. Estava na Biblioteca Central e fui transferido para um Pólo.<br />Fazer o balanço destes dois meses de estágio caso tivesse continuado na Biblioteca onde iniciei seria fácil. A manter-se o ritmo vivido nos poucos dias que lá estive, a minha aprendizagem resumir-se-ia a novas técnicas de ioga.<br /><br /><br /><em>"Para nós, físicos devotos, presente e futuro são apenas uma ilusão, se bem que persistente."</em><br /> - Albert Einstein<br /><br /><br />Assim, a mudança de local de estágio só me trouxe vantagens. Há que dizer: gostei de lá estar. O espaço em questão, embora tenha apenas alguns meses de existência, era um que eu já frequentava como utilizador. Era, portanto, uma casa já conhecida numa zona que eu já conheço há 25 anos. Apenas como nota de referência, foi no edifício ao lado que eu dei os meus primeiros passos. É uma zona que me traz muitas memórias; uma zona que testemunhou muito do meu desenvolvimento. Mais do que isso, fiquei pertíssimo de casa. Já não tinha de acordar mais cedo para apanhar a camioneta (ou a "carreira", como dizem algumas pessoas) – podia dar-me ao luxo de sair de casa dois minutos antes da hora de entrar e chegar trinta segundos antes da hora.<br />Mas, a grande vantagem não era eu já conhecer o espaço em si e a zona circundante ou ser perto de casa. A grande vantagem era o movimento. Aqui havia movimento. Havia algo para fazer. E eu fiz. Dentro das minhas capacidades e dos meus conhecimentos desempenhei funções, assumi responsabilidades.<br />O balanço foi positivo. Digo isto após ter ido lá no dia posterior ao fim do estágio, já como utilizador, e continuar a ser tratado como elemento da casa tanto pelos utilizadores, como pelos funcionários.<br />A regra de que quando vendemos um carro, não podemos voltar a passear nele a não ser que o compremos de novo não se aplicou aqui. Felizmente.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1126175901996876052005-09-08T03:32:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.260-07:00PSEUDO-HIATO 10: O BILL GATES ÀS VEZES GOSTA DE MIMNeste momento existem três computadores onde componho os meus artigos: o meu, o do meu pai e o da Biblioteca onde faço estágio. Embora já tenha reparado nisto antes, só agora é que tenho a oportunidade de o dizer: tal como digo no título, o Bill Gates às vezes gosta de <span style="color:#ff0000;"><strong>mim</strong></span>.<br />O "<strong><span style="color:#ff0000;">mim</span></strong>" neste caso não é referente à minha pessoa, nem ao pronome. Pode parecer algo tão simples como "um corrector ortográfico actualizado", mas é muito mais que isso.<br />A questão residiu na minha mente durante anos. A cada texto que escrevia, lá aparecia o "<strong><span style="color:#ff0000;">mim</span></strong>" com o inevitável sublinhado ondulado escarlate. Era como voltar à Escola Primária e não perceber porque é que a professora colocou mal uma palavra. "Onde é que está o erro?" era minha pergunta. Os meus colegas perguntavam "Onde é que está o Osvaldo?" (Na altura ainda não existia o Wally.)<br />Tentei sempre contornar esta situação fazendo a única coisa que poderia fazer: IGNORAR TODAS. Só que isso não era uma solução; era, quanto muito, um adiamento, uma negação. Como se fosse um cancro, negava o erro e deixava-o alastrar até ser tarde demais.<br />Durante anos pensei que era uma questão pessoal. Algo entre <strong><span style="color:#ff0000;">mim</span></strong> e o senhor Bill Gates. Talvez não devesse ter aceite aquela versão pirata do Windows 3.11. Devo ter sido a única pessoa do mundo a ter instalado material pirateado no computador, senão no país, pelo menos no mundo.<br /><br /><em>"O carácter quer dizer a paixão de sermos nós próprios, por qualquer preço."<br /></em>-- André Suares<br /><br />Quando descobri que, afinal, não era o único a padecer do mesmo mal, senti um alívio imediato. Só me lembro de ter sentido algo equivalente quando soube que não iria receber nenhuma medalha do Presidente Jorge Sampaio.<br />Devia ter os meus 18 anos quando fui apresentado à Comunidade. Era assim que nos referíamos a maior parte das vezes; embora também fossem comuns os termos "grupo", "ajuntamento" e "pessoal". Outros, não aderente da causa, tratavam-nos por "jagunços", "maralha" ou "bando". Dor de cotovelo, se querem que vos diga. E mesmo que não queiram…<br />Os anos passaram e percebi que o grupo não era aquilo que dizia ser. Decidi abandoná-lo e seguir o meu próprio caminho e aqui estou.<br />Anos depois, fui convidado para escrever estes artigos. Talvez não haja relação entre estes dois aspectos, mas o senhor do elefante cor-de-rosa obrigou-me a escrever isto.<br />Continuando no tema do Bill Gates, é verdade que cometo alguns erros ortográficos – ainda não actualizei a versão pirata que tenho do Microsoft Office – mas rogo à generosidade do senhor Bill para que me ofereça uma versão nova e legalizada.<br />Aconselho-o, senhor Bill, a levar-me a sério. Caso contrário, posso escrever um artigo pejorativo sobre a sua pessoa.<br />(…)<br />Foi por esta altura que o efeito dos medicamentos homeopáticos chegou ao fim e eu me apercebi de que não estava a escrever nada de jeito. Tentei então recomeçar o artigo, mas era tarde demais. O meu período de utilização tinha chegado ao fim. Resta-me apenas despedir.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1125350572401533522005-08-29T14:21:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.141-07:00PSEUDO-HIATO 9: UM ARTIGO SOBRE FOGOS FLORESTAIS<p><em>“Era um prazer muito especial ver as coisas arderem, vê-las calcinar e mudar."</em><br /> - Ray Bradbury<br /> </p><p><br />Portugal está a arder. O país atravessa uma seca extrema em 75% do território nacional e severa nos restantes 25%. O Primeiro-Ministro José Sócrates, de regresso das suas férias em terras africanas, acusou a oposição de demagogia. Chegou, pasmem-se, a usar o termo “politiquices” para categorizar as acções levadas a cabo pelos restantes partidos. Enquanto isso, o Governo mostrou-se inflexível em alterar qualquer ponto no cálculo das reformas.<br />Nada de novo, portanto.<br />Li num jornal qualquer – o “qualquer” não implica haver pouca consideração pelo periódico em questão; simplesmente não me recordo qual era – que em muitos dos terrenos ardidos em 2003 e em 2004 estão a começar a construir campos de golfe, estâncias turísticas e outros empreendimentos do género. Consta que alguns dos projectos já estavam aprovados há três e quatro anos. Só que não puderam avançar porque estavam lá umas florestas a atrapalhar.<br />Não posso confirmar ou desmentir isto que acabei de dizer – em Portugal é assim: reina a especulação – posso, porém, disponibilizar este meu espaço para quem quiser responder.<br />Fala-se muito do trabalho dos bombeiros, do sofrimento das pessoas que perderam tudo o que tinham. Não me consigo colocar na pele dessas pessoas. Pode parecer insensível dizer que não compartilho a sua dor mas, é verdade. Não compartilho. Posso sentir alguma empatia, pena, mas nada mais. Só quem perde é que sabe o valor daquilo que perdeu. Dizer que sinto algo que não sinto pode parecer bem mas, para mim, parece apenas hipocrisia.<br />Estou habituado a levar as coisas de ânimo leve. Faz parte da minha natureza, quando colocado numa situação adversa, explorar o lado positivo da questão. Infelizmente, aqui, não há um lado positivo. Terrenos são destruídos, espécies animais e vegetais são destruídas, a memória de gerações é consumida pelas chamas sem que nada se possa fazer.<br />E, no entanto, existe muito a fazer. Seja a nível de prevenção/vigília, seja a nível de sensibilização, seja a nível de mais apoio à investigação criminal, seja a nível de não aprovar construções para zonas onde existem florestas porque o mais certo é, mais tarde ou mais cedo, essas florestas devido a “causas naturais”.<br />Conforme vem na Legislação de Direito do Ambiente:<br /> </p><p><br /><strong>SECÇÃO IV</strong><br />Fiscalização e contra-ordenações<br /><br /><strong>ARTIGO 22.º</strong><br />Contra-ordenações<br />1 – Constitui contra-ordenação a prática dos actos e actividades seguintes, quando interditos ou condicionados, nos termos do nº 6 do artigo 13.º ou nos termos do plano de ordenamento e respectivo regulamento previstos no artigo 14.º:<br />(…)<br />h) Colheita ou detenção de exemplares de quaisquer espécies vegetais ou animais sujeitas a medidas de protecção;<br /> </p><p><br />Esta alínea implica a chamada “limpeza do mato”. Soube de uma pessoa que foi multada por andar a apanhar galhos secos do chão. A Legislação proíbe quaisquer alterações a zonas protegidas, e isto inclui apanhar galhos secos do chão. É certo que os galhos acumulados depois são queimados e isso pode dar origem a incêndios mas, multar por limpar e depois afirmar que o fogo começou porque a floresta não era limpa devidamente parece-me bizarro. É quase a mesma coisa que alguém ir a uma loja de armas, comprar uma pistola e ser preso à saída da loja porque existe a possibilidade de vir a utilizar a arma para matar alguém.<br />Este é o meu nono artigo desde que iniciei o estágio. O número 9, para quem não sabe, representa o tema da viagem. Podemos verificar essa ocorrência em diversas obras literárias, mitologias, etc. Não quero acreditar que isto seja o fim do trajecto.</p>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1125350460504574372005-08-29T14:18:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.084-07:00PSEUDO-HIATO 8: COM QUE ENTÃO NÃO SABEM PORQUE É QUE ESTÃO A LER ISTO?Se é esse o caso, não se preocupem. Assim como vocês não sabem porque razão estão a ler isto, eu também não sei porque razão o escrevi. É certo que prometi no já ido segundo artigo “dar um aspecto de regularidade a isto”. Semana após semana tenho conseguido manter essa regularidade – salvo raras excepções – porém, nos últimos tempos tem-me surgido um dilema.<br />Por um lado, não tenho tido estímulos suficientes para escrever os meus artigos – isto porque continuo sem ter feedback e o meu estágio começa a entrar na sua fase torpe –, por outro, não tenho mais nada a dizer mas, como comecei a frase “Por um lado” tinha, obrigatoriamente, de escrever “por outro”.<br />É disto que falo. Piadas estúpidas. Ou estão em excesso, ou estão em falta. Não consigo acertar na dose certa.<br />Lembro-me como era no início. Todas as semanas havia sempre qualquer coisa para falar. Agora tenho de pensar no que hei-de escrever. Verdade seja dita, sempre que passo por uma destas fases menos boas, acabo por regressar sempre com novas ideias, sempre melhores que as anteriores. É uma espécie de metamorfose mas, não acabo vestido de borboleta.<br /><br /><br /><em>“Nas rulotes, sacudia-se mosca e o calor com um gesto único.”</em><br /> - Dina Gusmão<br /><br /><br />Contudo, detesto esperar. Detesto escrever e não ficar satisfeito com o que escrevo. É um trabalho que requer persistência e muito sangue frio. Não podemos ver as frases senão dum ponto de vista realista – não as podemos odiar, não as podemos amar. Temos de ser imparciais como um juiz. As nossas ideias são sempre boas ou sempre más, depende se somos optimistas ou pessimistas. É importante o meio termo.<br />Gosto de pensar que sou imparcial tanto quanto posso. Sou também receptivo a críticas e sugestões desde que devidamente fundamentadas. Comentários subjectivos, sejam positivos, sejam negativos, ajudam apenas a alimentar ou a ferir o ego, não contribuem para que haja uma melhoria significativa daquilo que é escrito.<br />É uma questão de reivindicação. Todos reclamam porque têm esse direito, mas ninguém sugere o que fazer para melhorar as coisas. Passa-se quase o mesmo aqui. Além de não reclamarem (se o fazem, não há registos disso), também não sugerem nada.<br />Ditas as coisas, às vezes pergunto se não estarei a perder tempo com isto mas, esse sentimento logo desaparece quando vos imagino de pé no Bar ou na Mediateca a ler isto e penso: “Não sou o único a perder tempo.”Ainda não sabem porque é que estão a ler isto? Talvez por não terem mais nada de interessante para fazer.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1125368919902519722005-08-28T19:25:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.203-07:00PSEUDO-HIATO 7: MUNDO BIZARREPara os que estão familiarizados com a revista referida no título, desde já vos aviso que o artigo que têm em mãos não terá nada mais relacionado com o periódico citado, exceptuando a já referida referência onomástica e alguma verborreia um tanto quanto similar àquela através da qual que os redactores e cronistas da publicação tentam incutir as suas opiniões pessoais disfarçadas de análises imparciais.<br /><em>Mondo bizarre</em> = mundo bizarro. A referência serve para isto. Vivemos num mundo bizarro, digam lá o que disserem. E esta expressão inspirou-me, ou melhor, serviu-me de inspiração para falar de alguns assuntos que têm causado alguma inquietação mas que a mim têm passado completamente ao lado. No entanto, como eu gosto de estar a par daquilo que preocupa os cidadãos deste nosso Portugal, resolvi falar deles. Além disso, colocar seja o que for em itálico é de altíssimo nível e faz com que uma frase absolutamente banal se transforme em algo de génio. Reparem:<br /><br />“A força devastadora das chamas não poupou tudo o que o encontrou pela frente.”<br />— in Correio da Manhã<br /><br />As minhas sinceras desculpas ao jornalista autor desta frase por não colocar aqui o seu nome. Não o faço porque perdi o papel onde tinha isso escrito e não porque o jornalista tenha nome de aperitivo. (Talvez até tenha, mas como perdi o papel não há como saber.)<br /><br />Vejam agora em itálico:<br /><br />“A força <em>devastadora</em> das chamas não poupou tudo o que encontrou pela frente.”<br /><br />A colocação da palavra “devastadora” em itálico pode ter um número infindo de significados. Depende do ponto de vista de quem lê.<br />Deixemos os exercícios estilísticos para outra altura em que eu não tenha nada para falar. Penso que já perceberam o que eu quis dizer.<br />Os assuntos de que vos vou falar hoje datam até ao período máximo de duas semanas. É triste dizê-lo, mas é verdade – a memória já não é o que era. Felizmente, ainda consigo ser auto-subsistente. Só preciso de alguém que cozinhe para mim, que me lave a roupa, que me corte as unhas dos pés, que me faça a cama, (se for uma mulher, jovem e atrante) que me dê banho e que, no fim de cada mês, me dê algum dinheirinho que a vida não está fácil.<br />Ordenei os assuntos por ordem de importância, utilizando para isso o método científico do “põe-ao-calhas”. Eis o que me tem inquietado:<br /><br /><strong>Em Lisboa existem cerca de mil pessoas sem abrigo. Dessas mil, 197 foram integradas no espaço de dois anos e meio através do programa camarário Habitação Assistida.</strong><br />A pergunta que se coloca é: integrados onde? Além disso, retirar as pessoas da rua onde viviam em comunidade em contacto com a natureza (nem por isso, mas pronto) e colocá-las em habitações de primeira categoria onde passam a viver sozinhas, tendo como única companhia a aparelhagem de luxo e a colecção de discos dos PSP, banda que no meu ver merecia mais destaque que os GNR de Rui Reininho. Oiçam algumas das suas canções como “Atira-me água com gás”, “Monte de areia na praia” para ver se tenho ou não razão.<br /><br /><em>“Mais vale prevenir que remediar! Isto também é válido para os cuidados a ter com a sua tartaruga.”</em><br />- Harmut Wilke<br /><br /><strong>O espectáculo de despedida do Ballet Gulbenkian.</strong><br />Tenho pena do Ballet ter acabado. Confesso que não sou grande apreciador desta modalidade desportiva, mas fico preocupado ao ver tantos artistas a ir para o desemprego. Não que eles tenham dificuldades em arranjar emprego – o problema não está tanto aí. O problema está em que eles não têm dificuldades em arranjar emprego. E geralmente é sempre como gerentes de bares ou discotecas.<br />Os artistas para mim são todos iguais. Depois dos “Amo-te”s de Pedro Miguel Ramos, só estou à espera do dia em que aparecerá o “Bar dos Cisnes” ou a discoteca africana “QuebraNozMoscada”.<br /><br />A<strong> confiança dos consumidores desce para o nível mais baixo desde Setembro de 2003.<br /></strong>Quanto a isso não tenho mais nada a dizer, a não ser o seguinte: porque raio é que ninguém se preocupa com a confiança dos produtores? Serão assim tão desconfiados? Não merecerão também eles um pouco da nossa atenção?<br /><br /><strong>A Física é a disciplina que menos motiva os alunos do 9º, 11º e 12º<br /></strong>Tive Física no 8º e no 9º por isso concordo com os resultados da sondagem. Por outro lado, segundo uma outra sondagem, o físico é o que mais motiva alunos, professores e demais membros desta nossa sociedade pouca dada a julgar as pessoas pela sua aparência.<br /><br />Mas, todos estes assuntos são insignificantes (mundanos, até) quando comparados com este:<br /><br /><strong>A Brigada Antiterrorista encontrou material suspeito de origem árabe numa casa nos arredores de Sintra. Encontraram também um exemplar do <em>Mein Kampf</em>.</strong><br />Que não possam ser um pouco mais explícitos; tudo bem, eu compreendo. Podiam era prestar um pouco mais de atenção e reparar que muçulmanos e nazis não costumam andar de mãos dadas. Digo eu...<br />Se assim fosse, o mundo seria bem diferente, ainda mais bizarro do que já é.<br />Imaginem que os muçulmanos também curtiam do Hitler e que o Hitler ainda estava vivo. Imaginem-no a participar duma sessão de autógrafos na FNAC de Telavive aquando do lançamento do seu segundo livro <em>Mein Hund heißt Tobias</em>.<br />Conseguem pensar em algo mais bizarro que isto? Duvido.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1122896223947877072005-08-01T04:36:00.000-07:002006-10-22T07:36:24.027-07:00PSEUDO-HIATO 6: "ESTÁ CIENTIFICAMENTE PROVADO"Para tudo na vida existe uma razão. Newton provou-o: não há efeito sem causa. É por isso que a razão de vários comportamentos, porventura considerados ridículos (para mim são estúpidos), resume-se a um grupo e a uma máxima por eles há muito apregoada: “Está cientificamente provado”.<br />Confesso que, como membro desta sociedade, fico intrigado ao ver até que ponto uma pequena amostra pode influenciar de forma tão evidente todo o resto do grupo. Seremos assim tão manipuláveis, pergunto eu.<br />Em relação à sociedade a que digo pertencer, prefiro manter o silêncio. Não é má vontade minha, não é exclusivismo, é apenas uma precaução. Lembram-se daquele anúncio do Crédito à Habitação? Aquele do “Aqui vou ser feliz!”?<br />Quando vi esse anúncio achei-o estúpido. O anúncio em si não estava mal. No entanto, tinha um erro crasso. Ninguém, mas ninguém mesmo, encontra o sítio perfeito e a primeira coisa que faz é dizer a toda a gente. Perde um bocado a exclusividade, não é? Pensem em Adão e Eva. Foram expulsos do Paraíso. Alguém sabe onde é que fica? Não, porque eles não disseram a ninguém. É por isso que eu não digo a que sociedade pertenço. Dou-vos<br /><br />uma pista: as camisas que nós usamos são difíceis de tirar.<br />Estou-me a desviar do assunto. Peço desculpa.<br />Todos os dias surgem notícias de avanços científicos – uns mais espectulares que outros, devo dizer – nesta ou naquela área. O lema “Está cienficamente provado” passou a fazer parte do rol de expressões de algibeira que qualquer um pode utilizar num evento social para fazer crer que sabe alguma coisa além de consultar o teletexto para ver os números sorteados no Euromilhões (mesmo não tendo jogado por achar que aquilo é tudo uma treta).<br />Irrita-me, portanto, não tanto a prepotência da classe científica ou a sua arrogância (afinal, eles estão a fazer o seu trabalho), mas as escolhas daqueles que decidem quais as descobertas que possuem maior relevância para o grande público. Não somos um país culto, perdoem-me por dizê-lo, quanto muito “cultozinhos”.<br />A chegada das revistas científicas veio aumentar esse problema. Um cientista decente que folheie a “Quo” ou a “Super Interessante”, exceptuando um artigo ou outro, deve-se sentir como um sexólogo a ler a “Maria” ou a “Ana + Atrevida”.<br />É tudo uma questão de marketing. Ninguém quer saber que o stress é prejudicial para a saúde. Para quê? Ninguém vai fazer nada para o combater. É como o tabaco. “Vamos fazer etiquetas com mensagens de aviso”. Resultado, teve origem o mercado das capas para maços de tabaco.<br />As dietas são outro exemplo. “Amanhã começo.” E no dia seguinte, “Bom, amanhã é que é.”<br />No meu ver, informar as pessoas sobre os malefícios do stress só traz desvantagens. Primeiro, as pessoas ficam ainda mais stressadas; e, segundo, são publicados livros do género “Como reduzir o stress”, “Combata o stress”, “Stress: o inimigo interno”<br />Devo dizer que, neste caso, o que eu considero ser um comportamento ridículo, não são os estudos elaborados ou os livros publicados, mas sim o acto de comprar esses livros.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1122420054060678362005-07-26T16:18:00.000-07:002006-10-22T07:36:23.968-07:00PSEUDO-HIATO 5: PREVENÇÃO<p>Há cinco semanas que estou em período de estágio e isso, quer queiram quer não, dá-me o tempo e a oportunidade necessários para reflectir acerca de assuntos importantes. Aqueles de vós que costumam acompanhar estes meus devaneios pseudo-jornalísticos poderá pensar que estou a ironizar – “Deve ir falar de extintores ou gravilha.”, dirão alguns –, porém, desenganem-se. O tema, desta vez, é sério.<br />O Verão chegou há pouco mais de um mês e, com a chegada das chamadas “férias grandes” (mas nunca “grandes férias” ou “férias assim-assim”), não tardarão a repetir-se as tragédias que todos nós (re)conhecemos como habituais e previsíveis em certas alturas do ano. Falo, é claro, dos acidentes na estrada.<br />Neste artigo pretendo e, se tudo correr de feição, vou falar de prevenção (não apenas rodoviária) mas, antes disso, gostaria de partilhar convosco uma descoberta que fiz.<br />Segundo as estatísticas, Portugal é dos países europeus com mais mortos nas estradas. Há quem diga que o excesso de velocidade e o alcoolismo são os principais responsáveis pelos acidentes de viação em Portugal mas, não obstante a sua influência, penso que não são estes os grandes culpados.<br />Vou-vos confessar algo. Eu não sou condutor, não tenho carta de condução (convém dizer isto, ainda que possa parecer redundante, uma vez que há quem tenha carta de condução e não saiba conduzir, assim como há quem saiba conduzir e não tenha carta de condução), mas até eu sou capaz de reparar que é difícil conduzir com relativa segurança quando as estradas estão cheias de cadáveres.<br />E o que é que o Governo e as entidades ditas responsáveis fazem em relação a isto? A resposta é: nada.<br />Eu sei que existem campanhas de prevenção. O problema é que essas campanhas são planeadas com base no número de vítimas mortais; por outras palavras, são feitas em função dos mortos. Talvez seja ignorância da minha parte (talvez não); a verdade é que esta perspectiva de acção confunde-me. Expliquem-me o seguinte: quando fazemos algo em função de alguém não é com o objectivo de ajudar esse alguém? Sempre acreditei que sim. Portanto, se o objectivo é ajudar os vivos, porque razão é que planeiam as coisas em função dos mortos?<br />Talvez seja por isso que a coisa não pega.<br /><br /><em></em></p><p><em>“Uma criança precisa de um pai e de uma mãe e não de dois pais e de duas mães.”</em><br />- D. José Saraiva Martins</p><p><br /><br />A prevenção é uma tarefa delicada. No fundo é como contar uma piada – se não for feito com o timing certo, não resulta.<br />Imaginem a seguinte situação:<br />Um polícia de trânsito manda parar um condutor embriagado. O polícia pede ao condutor para fazer o teste do balão. O aparelho regista uma taxa de alcoolémia muito elevada mas, apesar disso, o polícia deixa o condutor seguir viagem sem lhe aplicar qualquer sanção.<br />Meia hora depois, o polícia apercebe-se dos valores registados no aparelho e vai em perseguição do condutor. Quando finalmente o encontra diz:<br />“Ó amigo, olhe que você tem 3% de álcool no sangue.”<br />“Ora bolas! Então e só agora é que me avisa?”<br />“Só agora é que me lembrei. Vá lá que ainda foi a tempo...”<br />Acredito que está, ou melhor, estaria ao alcance de todos nós prevenir, para depois não remediar. Conjugo o verbo na forma condicional porque esta é, literalmente, uma condição não concretizável. Infelizmente, a verdade (ainda) é esta: nós não prevenimos, mas também não remediamos: nós deixamos andar. Será que este padrão de passividade comportamental irá algum dia (nem que seja mesmo apenas um só dia) mudar?<br />Além dos condutores, julgo que a prevenção também deveria fazer parte do planeamento familiar dos casais portugueses ainda em idade de procriar. Não me refiro aqui a questões de natalidade ou estabilidade financeira – embora sejam também importantes – mas a algo um pouco mais complexo.<br />Para vos explicar bem o que estou a falar, gostaria de partilhar convosco uma ideia – ideia essa que, provavelmente, já passou pela cabeça de alguns de vós. Como seria Portugal hoje se há sessenta e tal anos dois determinados casais tivessem optado por ir ver um filme do Manoel de Oliveira ao invés de cederem perante a tentação e darem largas à sua devassidão carnal?<br />Não sei como seria, mas decerto que Portugal estaria melhor se os pais do Alberto João Jardim e os pais do Avelino Ferreira Torres tivessem visto o “Aniki Bóbó” do princípio ao fim. Na pior das hipóteses teriam tomado umas cápsulas de cianeto e eu não estaria a escrever estas alarvidades agora. Assim como vocês não as estariam a ler.<br />É tudo uma questão de prevenção.</p>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1121770657992862872005-07-19T03:56:00.000-07:002006-10-22T07:36:23.905-07:00PSEUDO-HIATO 4: QUALIDADE (OU) O ARTIGO DESTA SEMANANão sei se repararam, mas a semana passada não publiquei nenhum artigo. Por este facto, deveria pedir desculpa, mas em vez disso, vou enumerar as<br /><br /><strong>10 razões pelas quais não publiquei nenhum artigo na semana passada (embora já o tivesse escrito) e optei por publicar dois esta semana.<br /></strong>Nota: as razões estão enumeradas de forma arbitrária.<br /><br />1. Porque sim.<br />2. Porque posso.<br />3. Porque quando me lembrei já era quinta-feira.<br />4. Porque ainda não ganhei o Euro Milhões.<br />5. Porque tive que dormir duas noites no sofá.<br />6. Porque não tive tempo.<br />7. Por causa da greve nacional da função pública.<br />8. Porque os programas do Manuel Luís Goucha ainda não foram editados em DVD (para quando uma adaptação para marionetas da obra “Coisas doce sem açúcar”?)<br />9. Porque Jorge Sampaio convocou o Conselho de Estado e deixou de fora o Nuno Rogeiro.<br />10. Porque o último livro do Harry Potter é, na verdade, o penúltimo.<br /><br />Dadas as razões, passo ao artigo em si. E esta semana, o tema é: qualidade.<br />Antes de mais, é preciso definir o termo. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (edição de 2004):<br /><br />Qualidade s.f. 1 propriedade ou condição natural de uma pessoa ou coisa que a distingue das outras; atributo; característica; predicado; 2 aptidão; capacidade; 3 dom; virtude; 4 modo de ser; carácter; índole; 5 importância; valor, distinção; 6 posição; função; 7 profissão; 8 grau social; título; classe; 9 espécie; tipo; casta; 10 natureza; 11 disposição de ânimo; na ~ de a título de; desempenhando o papel ou as funções de; FILOSOFIA qualidades primárias /primeiras as que são essenciais aos objectos materiais e estão neles como as percepcionamos (são objectivas); FILOSOFIA qualidades secundárias/segundas as que não são essenciais aos objectos materiais e não estão neles como as percepcionamos, dependendo de quem as percepciona (são subjectivas); [irón.] ser de ~ ser um um traste (Do lat. qualitate-, «id»)<br /><br />Pode parecer estranho isto que vão ler – para mim é e fui eu que o escrevi – mas, tal como sempre disse (ainda que não o admita ou demonstre), a verdade deve ser sempre dita. E a verdade é esta:<br />A Solnave melhorou a qualidade das suas refeições.<br />A verdade é esta e não há como negá-lo. Eu não consigo e aposto que vocês também não. Surpreendidos? Também eu. Mas, é a verdade. Tanto é que não me tenho queixado nem escrito artigos sardónicos (de sardinha) sobre certas saladas de espinhas de bacalhau com grão ou os famosos cordon-blue que contêm mais óleo fula por unidade que um garrafão de cinco litros.<br />Também é verdade que estou a estagiar a 120 km de Tomar, mas não creio que isso seja relevante para o caso. No fundo é como as reportagens do 24 Horas – só são úteis porque o papel do jornal pode ser reciclado e assim ajudamos o ambiente.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a><br />Pelas minhas contas, não deve faltar muito para que o cenário que um formando apontou (não digo nomes) se torne real – a recomendação da Solnave para o Guia Michellin.<br />Ainda dentro da qualidade, vou agora falar de recursos humanos e alianças estratégicas. Qualidade no trabalho. Alguém sabe o que é? Não. Pronto. Não faz mal. Mas existe. Algures. Acho eu…<br />Dizem que é importante respeitar os trabalhadores. Concordo. Há casos em que as alianças não são firmadas porque um dos membros não respeita os seus trabalhadores. Não sei se já pensaram nisto – provavelmente não – mas, será que isto acontece quando se trata, por exemplo, de uma aliança entre duas organizações de tráfico humano?<br />A questão é politicamente incorrecta. é verdade. Contudo, mesmo sabendo que é incorrecto, não pude deixar de imaginar a seguinte situação:<br /><br />Duas empresas de tráfico humano conversam num café. Uma bebe chá enquanto a outra pediu um daqueles sumos que têm leite e fazem bem à circulação.<br /><br />EMPRESA DE TRÁFICO 1: Não queremos nada convosco.<br /><br />EMPRESA DE TRÁFICO HUMANO 2: Porquê?<br /><br />EMPRESA DE TRÁFICO HUMANO 1: Sabem muito bem porquê. Vocês não respeitam os direitos dos trabalhadores.<br /><br />Esta seria a altura ideal para falar da qualidade dos meus artigos, mas isso seria um pretenciosismo da minha parte (para não dizer “falta de tempo”, uma vez que eu sei que são excelentes<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>).<br /><br /> <br /><br /><em>“A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar no que ninguém pensou.”<br /></em>(Não consegui perceber o nome do tipo que disse isto mas sei que era um gajo húngaro)<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a><br /><br /><br /><br /><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Mensagem ambiental. (N.A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> O facto de mais ninguém saber isso é apenas mais um sinal da vossa ignorância. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> A cultura tem destas coisas. (N. A.)Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1121770580465719872005-07-19T03:55:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.886-07:00PSEUDO-HIATO 3: O PRIMEIRO COMENTÁRIO (OU) O ARTIGO DA SEMANA PASSADA<em>“O trabalho fascina-me. Às vezes fico horas parado a olhar para ele sem fazer nada.”<br /></em>- Não sei quem disse isto mas tem a sua piada e uma crítica social adjacente<br /><br />Finalmente! Eis o artigo que eu há tanto aguardava para escrever. O momento é marcante e, para que não restem dúvidas quanto à sua existência, está registado online.<br /><a href="http://www.blogger.com/comment.g?blogID=13046217&postID=111981229350635412">http://www.blogger.com/comment.g?blogID=13046217&postID=111981229350635412</a><br />Suponho que a maior parte de vocês (assim como a menor parte) não faz ideia do que estou a falar. Pois bem, passo a explicar: recebi a minha primeira crítica por escrito. O artigo publicado na semana antepassada [PSEUDO-HIATO 1] foi lido por alguém no blogue. E esse alguém, não contente em ler, ainda se deu ao trabalho de escrever um comentário.<br />Habemus milagrum!<br /><br />Anonymous said…<br />eu só li o título. hiato é, linguisticamente, uma sequência de duas vogais.<br />1:01 PM<br /><br />As palavras acima reproduzidas revelam, além de um interesse cultural vindo dum indivíduo de origem estrangeira, uma grande sapiência relativamente ao contexto gramatical e fonético – possivelmente alguém que priva com o mundo da literatura, mas não posso confirmar isso.<br /><br /><br />Após ler este comentário, fiquei com a sensação de estar a ser lido por uma pessoa de alto nível; alguém cujos atributos académicos são de louvar. Acreditei piamente nisso até ao dia em que li o terceiro comentário – o segundo fui eu que fiz em resposta ao primeiro – no qual foi escrito o seguinte:<br /><br />Anonymous said…<br />depois de teres lido o titulo, que tal leres o resto?<br />2:06 pm<br /><br />Devo dizer que isto me deixou terrivelmente chateado. Pensava eu que estava a comunicar com alguém importante no universo da escrita internacional e, afinal, esse alguém sofre de dupla personalidade. É verdade que não possuo qualquer grau académico em Psicologia, mas aqui trata-se duma questão de lógica; afinal de contas, tenho sérias dúvidas que existam duas pessoas no mundo chamadas Anonymous. (A não ser no Brasil, onde está registado um indivíduo chamado Rua 99.)<br />Mas, vistas bem as coisas, até faz todo o sentido. Senão, vejamos: eu estou a escrever este artigo como se não soubesse quem escreveu os comentários quando, na verdade, até sei. Sim, tenho dupla personalidade – aliás, tripla – forçada: uma escreve bem, a outra gosta do que a primeira escreve e a terceira está em coma. É por isso que me considero importante.<br />Sei quem fez os comentários e fico triste pelo primeiro comentário ter sido feito por alguém cuja única ligação a este Centro é o facto de me conhecer. Isto só confirma uma vez mais a teoria de que só somos reconhecidos:<br />a) no estrangeiro;<br />b) depois de mortos;<br />c) quando temos muito dinheiro;<br />d) quando devemos dinheiro a alguém;<br />e) quando participamos em reality-shows<br /><br />Digam-me um caso – um só – em que isto não aconteça e dou-vos um prémio. É um desafio que vos lanço.<br />Numa altura em que Portugal vive o rescaldo da recente vaga de blockbusters culturais – o primeiro Festival Erótico de Lisboa, a candidatura de Elsa Raposo (esta por si só é merecedora de um artigo próprio) à Câmara Municipal de Cascais pelo PPM (Partido Popular Monárquico) e o novo disco do Herman José – não consigo perceber porque é preciso percorrer 130 km (+-) para encontrar alguém disposto a ler e a comentar sem ser a troco de dinheiro. Não custa nada, acreditem. Mesmo que não gostem, agradeço que o digam. É preferível saber e agir em conformidade do que andar a tactear às cegas na esperança de encontrar o interruptor do vosso agrado.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a><br />Para terminar, deixo-vos com uma reprodução do quinto comentário – o quarto foi escrito por mim – feito ao primeiro artigo deste meu pseudo-hiato:<br /><br />Anonymous said…<br />“tipo ai, ui, ia, oi, etc.”<br />não é tipo isso, porque isso são ditongos. mas não interessa nada agora.<br />“o ar é de todos.” Eu leio se eu quiser. Cavalinho branco, até prque, estou no coito!<br />1:21 PM<br /><br />Quanto a isto, penso que não há nada a dizer. A batalha está lançada. Que ganhe o melhor (neste caso, a melhor).<br /><br /><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Para dizer a verdade, importa-me apenas encontrar o interruptor do MEU agrado. O meu mau feitio obriga-me a ignorar as vossas opiniões, mesmo que sejam (e são de certeza) mais válidas que as minhas. <em>(N. A.)</em>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1120433113771934712005-07-03T16:20:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.831-07:00PSEUDO HIATO 2 - CASA PIA OU COVA DA MOURA: ELES DECIDEMMuito se tem falado da Cova da Moura. Tem-se especulado sobre como resolver o problema, mas o problema principal não é <strong>como</strong> resolver o problema, o problema principal é que esse não é o problema principal. O problema principal é o caso Casa Pia.<br />Isto dos casos polémicos, já se sabe, é como a fruta – varia conforme a época. Um tempo frio e chuvoso é ideal para a divulgação de casos de corrupção (Apito Dourado); por outro lado, um clima quente e seco é mais propício a casos de violência urbana (Cova da Moura). Não me perguntem porquê. É assim e pronto.<br />As pessoas ainda não repararam nisto, mas os problemas continuam a existir, mesmo quando já não se fala deles. Chama-se a isso “actualidade jornalística”, embora para alguns isso seja mais parecido com “enterrar a cabeça na areia”.<br />Vou falar da Casa Pia porque é um assunto que deve ser explorado ao máximo quando não se tem nada de mais interessante para falar mas, antes disso, uma citação:<br /><br /><span style="font-size:85%;"><em>“O presente são os instantes.”</em><br /> - Padre António Vieira</span><br /><br />E uma nota:<br /><br /><span style="font-size:85%;">Decidi começar a colocar citações de personalidades, umas famosas, outras nem tanto, nos meus artigos. Isto não significa que conheça a obra de todos os que referenciarei, ou que compreenda o que delas conheço ou, mesmo, que a citação tenha algo a ver com o contexto do artigo, mas dá um ar cultural a isto e, portanto, acho que não é preciso dizer mais nada, <em>nicht wahr</em>?<br /></span><br />O acontecimento mais recente – pode não ter sido o mais recente, mas é recente q.b. (a expressão “q.b.” também traz consigo uma elevada dose de cultura) – no julgamento do Processo Casa Pia foi o testemunho duma vítima chamada Afonso. O testemunho do jovem Afonso foi duro e directo, “sem papas na língua”, como diz o povo – expressão, no meu ver, parva porque quando se fala com papas na língua ou se é estúpido, ou se é labrego. Afonso demonstrou que não é nem uma coisa nem outra.<br />Os arguidos foram todos apontados como tendo abusado sexualmente do jovem Afonso. Parece incrível. Trataram-no como se fosse da família – querem melhor indicador de afecto que os abusos? – e é esta a paga que recebem.<br />Lembro-me que já o outro Afonso, o Henriques, também não era flor que se cheirasse. Está visto. Pessoas com o nome “Afonso” só lixam um gajo. Tive um colega no 6º ano cujo segundo nome era Afonso, por isso sei bem o que estou a dizer. (Mesmo que não soubesse, continuaria a ter tido um colega no 6º ano cujo segundo nome era Afonso.)<br />Um dos advogados da defesa devia ter perguntado:<br />“Mas se você foi abusado há tanto tempo, porque é que só agora decidiu falar?”<br />“Sabe como é sôtor, uma pessoa às vezes esquece-se. Fui adiando, fui adiando...”<br />É claro que esta cena é fictícia (tanto quanto sei) mas é uma questão que fica no ar. É como a Cova da Moura. O problema não está em como combater os efeitos, mas sim as causas. Vou dizer que a frase anterior não tem qualquer conotação racista ou xenófoba. Sinto-me obrigado a dizer isso, porque há aqueles que lêem “sim” quando está escrito “não”.<br />É preciso abrirmos os olhos e vermos como as coisas são e não como elas nos são mostradas. E dizer aos turistas que aquelas duzentas pessoas que participaram na manifestação no Martim Moniz, no fundo até não são más pessoas – utilizam é apenas dois por cento da energia do corpo para pensar.<br />Na outra noite, quando regressava a casa, reparei que, à entrada da Baixa da Banheira, fica um Centro de Ajuda Espiritual ao lado de um Stand de Automóveis. A relação é óbvia: se não conseguirmos ajuda do Espírito Santo (pessoal do CDS, esta é para vocês), o melhor que temos a fazer é comprar um carro, encher o depósito e ir embora. Duas vantagens: contribuiríamos para a diminuição do défice (ainda que de forma pouco significativa) e assumiríamos, duma vez por todas, que aqui não se faz nada.<br />Talvez na Inglaterra nos tratem melhor.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1119812293506354122005-06-26T11:55:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.774-07:00PSEUDO-HIATO 1: O PRIMEIRO DIA<p>A palavra “hiato” vem do latim hiatu e significa lacuna. E é precisamente isto que irá acontecer nas próximas oito ou nove semanas.<br />Este é o primeiro artigo que escrevi desde que entrei em período de estágio. Tal como tinha dito no artigo anterior, não irá existir qualquer interrupção nesta minha rubrica semanal. Eu sei que isto contradiz um pouco a primeira frase, mas penso que, por esta altura, já devem estar habituados a que eu me contradiga. Se não estão, deveriam estar. De qualquer modo, irão existir mudanças nestes próximos artigos – umas mais significativas que outras – e a mudança de ares dará, decerto, o seu contributo para isso.<br />Uma das mudanças mais óbvias, para uns uma benção, para outros um martírio, será o facto de eu não estar presente no Centro de Formação durante o período de estágio. Isso terá várias implicações. A saber:</p><ul><li>quem me quiser dar porrada porque leu algo que não gostou, vai ter de esperar até Setembro;<br />uma vez que não vou estar aí, no palco dos acontecimentos, vou ter de especular;</li></ul><p>Passada a parte da introdução, sigo agora para o artigo em si. Como primeiro artigo do meu período de estágio, começo por dizer que este artigo será dedicado a todas as pessoas que não estiveram envolvidas no furto do meu caderno na semana antepassada; e também que o artigo da semana passada [BOICOTE] não era para ser levado a sério.<br />Comecei o estágio na sexta-feira e, uma vez que considero a experiência interessante, vou falar dum assunto completamente diferente – a festa da sardinha em Benavente.<br />Tendo como principais atractivos sete mil quilos de sardinha, sete mil litros de vinho e setecentos pães de milho, o “Festival dos sete”, como eu decidi chamar, é um assunto sobre o qual eu pouco ou nada sei. Isto porque não gosto de sardinhas e duvido que consiga beber sete mil litros de vinho (pelo menos no tempo previsto para a duração do Festival); por isso vou desistir deste assunto e mudar para outro que me seja mais acessível.<br />O meu primeiro dia de estágio – era óbvio que ia falar disso; os dois parágrafos anteriores foram apenas para ocupar espaço - <a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a> correu razoavelmente bem.<br /><br /><strong><em>Manhã</em></strong><br />De manhã, imitei a azáfama normal num qualquer serviço público, ou seja, estive sentado e encaminhei as pessoas para o sítio correcto. Fiquei na Secção de Adultos,<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a> o que me fez sentir orgulhoso. Agora que estou do “outro lado” (ainda que de forma passageira), a frase “Fale ali com a minha colega.” não parece assim tão má e demonstrativa de não querer fazer nada. (Foi o que me disseram para fazer, e foi o que eu fiz.)<br />Será verdade o que dizem? Teremos todos boas intenções até chegarmos ao local e sermos contaminados com os vícios que aí persistem? Talvez seja porque, segundo me disseram, eu vim estagiar na altura do ano em que não se faz NADA (ou quase nada): a época de exames. Se o meu curso tivesse, eventualmente, começado na altura em que estava previsto, já teria iniciado o período de estágio um mês (se não mais) antes e não estaria aqui a reclamar. Talvez nem escrevesse estes artigos.<br /><br /><strong><em>Tarde</em></strong><br />À tarde continuei na mesma secção, mudei de colega e tive a minha primeira interacção com uma jovem bastante atraente. Desta vez, fui maus paciente nas minhas indicações – em parte para causar boa impressão, mas também, para a manter perto de mim o máximo de tempo possível sem que o momento se tornasse enfadonho.<br />O resto da tarde passou-se de forma calma – arrumei alguns livros (os que eu tinha desarrumado) e aproveitei para ler algumas crónicas do Ricardo Araújo Pereira na Visão e alguns contos de Roald Dahl.<br /><br /><strong><em>Noite</em></strong><br />Fui jantar a casa e, enquanto jantava, vi o Primeiro-Ministro José Sócrates anunciar novas medidas para o ensino básico – o “parente pobre da educação”, como ele referiu. As medidas propostas passam pela extensão do horário escolar até às 17:30, aulas de Inglês para os alunos do 3º e 4º anos, formação contínua na área da Matemática e uma introdução às novas tecnologias. Reparei que não falou do português. Talvez por não querer que os alunos se apercebam que o Primeiro-Ministro não sabe falar português correctamente. E isto vê-se nas suas intervenções.<br />Enquanto percorria o trajecto de autocarro de regresso à Biblioteca, veio-me à ideia o seguinte pensamento: José Sócrates sabe, certamente, o que é a “esquerda moderada” (pelo menos ele há-de saber). As minha dúvidas são: será ele capaz de soletrar “esquerda moderada”?, de decompor “esquerda moderada” silabicamente? ou, ainda, de encontrar um sinónimo para “esquerda moderada”?<br />À noite, assisti a um colóquio com o professor João Caraça que veio falar do livro “Os relógios de Einstein e os mapas de Poincaré”. Foi uma conversa lúdica, interessante e descontraída.<br />A certa altura o professor João Caraça disse: “O cérebro consome trinta por cento da energia do nosso corpo. [Logo] pensar, cansa.” Em relação a isto, é óbvio que existem membros do executivo governamental que gastam bem menos que esses tais trinta por cento, seja por não quererem, seja por não conseguirem. É um défice de racionalidade – para mim mais mais significativo que que o défice orçamental, uma vez que a falta de racionalidade contribui para o aumento do défice, mas a falta de défice não contribui para o aumento da racionalidade.<br />Qualquer uma das razões (não conseguir ou não querer) são símbolos claros da corrente acção governativa. Nunca gostamos que nos apontem os erros, quantos mais sermos nós a admiti-los e é isso que o Governo faz.<br />Termino aqui. Sei que falei pouco do meu primeiro dia de estágio, mas se tivesse tido um dia muito preenchido, não teria tido tempo para escrever este artigo.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Assim como esta nota de rodapé. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> Nota importante: Se o Bibi quiser tirar um curso de bibliotecário na prisão, não o deixem ir estagiar para a secção infantil. (N. A.)</p>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1119216815203370572005-06-19T14:31:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.721-07:00BOICOTEEsta semana trago-vos boas e más notícias. Ora, pelo que diz a regra, primeiro devem-se dizer as más notícias e só depois as boas. Talvez seja para tentar atenuar um pouco, não sei. De qualquer modo, eu não vou fazer isso. E vou dizer porquê. Porque, neste caso, duvido muito que as boas notícias consigam atenuar as más.<br />As boas notícias são que esta próxima sexta-feira entrarei em estágio – a continuidade dos meus artigos não será comprometida apesar da minha ausência –, as más são que esta semana não será publicado qualquer artigo. Este facto, pelo qual peço as minhas mais sinceras desculpas, deve-se a circunstâncias nefastas ocorridas na passada quarta-feira dia 15. Passo a explicar.<br />Nessa noite fui a um jantar de turma onde, além dos meus colegas, estavam também presentes alguns formadores. A certa altura decidi ausentar-me da mesa por breves momentos. Dirigi-me aos lavabos para lavar as mãos – devo dizer que penso ter sido o único a fazê-lo, mas não tenho certeza – e quando regressei à mesa reparei que me tinha sido furtado o meu caderno de apontamentos.<br />Esqueci-me de o dizer antes – foi um lapso – mas tinha levado o meu caderno comigo para o restaurante. Normalmente não o faço, porém era quarta-feira e é à quarta-feira que eu escrevo os meus artigos. (Se alguém quiser, pode dirigir-se à Mediateca – penso que todos os artigos publicados no jornal de parede estão disponíveis num dossier – ou consultar o blogue <a href="http://www.the-embroglio.blogspot.com/">www.the-embroglio.blogspot.com</a> e (re)ler o artigo [O ADAMASTOR NA FAIXA DE GAZA] e verificar o que acabei de dizer. São manias. O que é que querem?)<br />Eventualmente, o caderno acabou por retornar ao seu dono legítimo, mas a brutalidade do acto deixou-me profundamente perturbado, prejudicando assim toda a minha boa disposição e comprometendo de forma irreparável a viabilidade do artigo desta semana.<br />Lamento imenso que isto tenha acontecido, principalmente quando na televisão estavam a transmitir imagens do funeral de Álvaro Cunhal – um homem que lutou toda a sua vida contra a opressão do regime fascista. É triste ver que há coisas que nunca mudam.<br />Felizmente, eu não sou pessoa de guardar rancores. A prova disso é que facilmente recuperei daquilo que foi um exemplo máximo de “acto pérfido”. Caso assim não fosse, não estaria a ser tão brando.<br />Não gosto de apontar o dedo – não faz parte da minha maneira de ser – e ironia e sarcasmo são coisas que repudio com total veemência. Foi por isso que na altura do sucedido, mesmo de cabeça, resolvi não apontar o dedo àqueles que eu considerava responsáveis. Optei por apontar o dedo a todos, porque acredito no espírito de grupo e, apesar de tudo, estávamos ali em grupo. (Não obstante, o conluio contra a minha pessoa.)<br />Porém, também não gosto de deixar as coisas passar em claro. E, como tal, este atentado à minha integridade de cronista e à liberdade de expressão – pela qual muitos lutaram e muitos morreram – conhecerá uma resposta à altura. No entanto, que fique bem claro, não recorrerei a quaisquer estratagemas imorais e pouco éticos.<br />Esperem para ver.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118598827016315562005-06-12T10:48:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.666-07:00DO HUMOR...<table id="HB_Mail_Container" height="100%" cellspacing="0" cellpadding="0" width="100%" border="0" unselectable="on"><tbody><tr height="100%" unselectable="on" width="100%"><td id="HB_Focus_Element" valign="top" width="100%" background="" height="250" unselectable="off">Este é o meu décimo quarto artigo e, como nasci num dia 14 (o décimo quarto dia do mês), resolvi escrever algo diferente. Notem que esta é uma razão tão válida quanto qualquer outra (o que não significa que seja verdadeira).<br />Ao longo de vários meses, todos os meus artigos publicados – à excepção de dois ou três – tinham uma componente de humor. Admito que algumas das piadas não tenham sido bem interpretadas, mas quanto a isso não posso fazer. Cabe a vocês esforçarem-se um pouco mais para tentarem perceber.<br />Porém, para que não pensem que sou mau (porque sou), vou-vos ajudar a perceberem um pouco melhor o que é isto do humor.<br />Para que uma piada resulte, são precisos sete elementos:<br />a) situação<br />b) sequência<br />c) contexto<br />d) personagens<br />e) linguagem<br />f) timing<br />g) punch-line<br /><br /><strong>a) situação</strong><br />Qualquer situação pode gerar humor. Ponto. Contudo, nem todas as situações possuem humor na sua génese. Qual é a diferença então? O que é que torna uma situação normal numa situação cómica?<br />Em primeiro lugar, existe um conjunto de elementos que devem estar presentes. Em segundo lugar, é preciso sorte.<br /><br /><strong>b) sequência</strong><br />O humor obedece sempre a uma sequência. Mesmo que essa sequência não seja perceptível, ela existe e é aplicada.<br />A regra a ter em conta é causa --> efeito. Isto significa que não se contam piadas de trás para a frente. Primeiro, porque ninguém percebe; segundo, porque não tem graça nenhuma; e terceiro, porque é estúpido.<br />Para demonstrar o que acabei de dizer, dou-vos o seguinte exemplo:<br />Na passada segunda-feira, no programa Prós & Contras, um dos convidados fez o seguinte comentário [a propósito da actual situação do Tratado da Constituição Europeia], “Isto é como a história do homem que mata os pais e depois pede clemência por ser órfão”.<br />A piada assim resulta. Agora, imaginem que ele, em vez disso, tinha dito isto:<br />“Oãfró resrop aicnêmelc a omoc edep sioped e siap so atam euq memoh od airótsih a omoc é otsi.”<br />Isto para mim não tem piada e é uma pura perda de tempo, tanto para quem escreveu, como para quem leu. O que me chateia é que algumas pessoas vão achar mais graça ao facto de eu ter escrito a piada de trás para a frente do que à piada em si.<br />Um outro exemplo que considero quando penso em sequências é o seguinte:<br />SIC Gold --> SIC Comédia<br />RTP Memória --> ?<br />Dá que pensar, não dá?<br /><br /><strong>c) contexto</strong><br />Para se escrever uma piada é preciso contextualizar a situação. Peguemos num caso conhecido – o Adamastor. Nesse caso, a contextualização está relacionada com a transposição de elementos dum universo real para um universo fictício.<br />O primeiro artigo que eu escrevi sobre o Adamastor [O Adamastor e o Conclave] tinha como contexto o Conclave. O segredo da piada neste caso estava em deturpar certos aspectos desse pano de fundo de modo a provocar situações insólitas.<br />Um outro exemplo:<br />Há certas alturas na vida em que uma pessoa tem de deixar tudo e começar uma vida nova. Há também aquelas alturas em que nós estamos ausentes durante algum tempo e quando voltamos queremos retomar as nossas vidas. Fazer aquilo que fazíamos antes, por assim dizer.<br />Até aqui tudo bem. Agora, a não ser que eu esteja enganado, não acho que voltarmos a fazer aquilo fazíamos antes seja uma boa ideia. Isto no caso de ter sido isso que provocou o nosso afastamento.<br />Imaginem que eu era assassino profissional. Talvez seja eu que seja um pouco céptico, mas não creio que a minha comunidade vá dar pulos de alegria ao ver-me.<br /><br /><strong>d) personagens</strong><br />Não se contam piadas sem personagens. Sejam estes pessoas, animais ou objectos, tudo tem piada. Só depende do modo como os elementos são articulados.<br />A utilização correcta dos personagens está intrinsecamente ligada ao contexto. Nada obriga a que exista uma relação entre os personagens e o meio em que estes se situam.<br />Imaginem um homem numa consulta de Oftalmologia. À partida, a situação não tem piada. Porém, se esse homem for o Camões, a situação muda de figura e passa a ter piada.<br />Um outro exemplo:<br />Tinha colegas meus que além da escola tinham actividades extra-curriculares. Assim tipo escuteiros, por exemplo.<br />O meu melhor amigo dos meus tempos de pré-primária altura foi lobito. Não foi mais longe que isso porque ele coitado era um pouco burro.<br />Lembro-me de ver uma cassete que os pais deles gravaram quando ele foi fazer a sua primeira caminhada.<br />Era engraçado. S se viam os putos com aquele ar nervoso, de quem não sabe o que vai acontecer e, é claro, as recomendações dos pais. Aquelas frases que ficam sempre bem nestas alturas.<br />“Põe a camisola para dentro!”<br />“Não andes com os atacadores desatados!”<br />“Levas a tua garrafinha de água?”<br />“Não saias do pé dos outros meninos!”<br />Este meu amigo entrou para a Escola da GNR. É natural, já que ele não tinha inteligência para ir trabalhar em nenhuma loja de fast-food.<br />Está agora no Iraque. Por acaso, os pais dele ainda são vivos e resolveram filmar também a partida do filho.<br />O que é mais estranho nisto tudo é que muitos dos militares que partiram no primeiro contingente tinham também sido lobitos, curiosamente do mesmo agrupamento que o meu amigo.<br />Só que aqui as recomendações dos pais já parecem... já não têm o mesmo efeito, percebem?<br />“Não te esqueças do capacete.”<br />“Não vás pra lado nenhum com pessoas que não conheças.”<br />“Não fiques acordado até tarde.”<br />“Se alguém disparar contra ti, desvia-te.”<br />“Não digas que vais para a guerra e depois vais para a discoteca. Olha que a gente sabe sempre.”<br />“Come a horas decentes e não te ponhas a comer porcarias que só te fazem mal.”<br />A minha favorita era esta:<br />“Porta-te bem e não te metas em confusões para não ficares mal visto senão para a próxima ficas em casa.”<br /><br /><br /><strong>e) linguagem</strong><br />Outro elemento essencial para se contar uma piada é a linguagem. Até aqui, penso que todos sabem. Contudo, não se podem utilizar quaisquer palavras. Como em tudo na vida, têm de ser escolhidas as palavras adequadas à situação que se pretende criar. Caso isso não aconteça, corre-se o risco de criar um conflito interno. E se há coisa que estraga uma piada é esta oscilar entre o vernáculo e o tabernáculo.<br />Exemplo:<br />Piada fonética – Sou um céptico-obsessivo. O meu lema é ver para crer. Quando vejo uma coisa, quero-a logo.<br /><br /><strong>f) <em>timing</em></strong><br />Além de estar sequencialmente estruturada, uma piada precisa de ter timing para resultar em pleno. Isto significa que além de um espaço determinado na linha narrativa, os diversos elementos têm de surgir num ponto temporal preciso, não antes nem depois.<br />Por exemplo:<br />“O segredo duma boa piada está no timing.”<br />(pausa para criar expectativa)<br />“Perceberam?”<br />Outro exemplo:<br />“Gosto muito do dia 14 de Fevereiro porque é um dia em que posso dar prendas à pessoa que mais amo.”<br />(pausa)<br />“Só lamento quando a minha mulher descobre.”<br /><br /><strong>g) <em>punch-line</em><br /></strong>Por fim, temos a punch-line. Dito de forma simples, a punch-line é aquela frase, gesto, olhar, etc. que dá origem à piada final.<br />Exemplo:<br />É normal as pessoas esquecerem-se das coisas. Eu esqueço-me das coisas. Uma vez, emprestei mil paus a um amigo meu. Ele sofre de Alzheimer. Eu até o considerava um gajo porreiro só que depois... É das tais coisas. O dinheiro estraga sempre uma amizade.<br />Nunca mais lhe empresto dinheiro. Ainda hoje estou à espero e isto já foi há mais de dez anos. Ele passa por mim, finge que não me conhece. É chato.<br />Outro exemplo:<br />CLUBE DOS MUTILADOS DE GUERRA ENCERRA FUNÇÕES<br />Realizou-se ontem pelas 22 horas, na sua sede em Famalicão, a Cerimónia de Encerramento do Clube de Mutilados de Guerra.<br />Fundado por ex-militares vindos das ex-colónias, este clube exercia uma forte colaboração junto de organizações similares em países estrangeiros, nomeadamante no Iraque, onde estava prestes a abrir a sua primeira delegação.<br />Circunstâncias alheias à vontade da organização, nomeadamente o aumento dos impostos e o novo escalão do IRS, levou ao cancelamento do projecto e ao término oficial de actividades.<br />Nas palavras do agora ex-Presidente Artur Garcia Resende da Silva e Sá, “O projecto já não tinha pernas para andar.”<br />Outro exemplo:<br />Quando era pequeno, tinha de ir de autocarro para a escola. Às vezes perdia o autocarro e tinha de ficar meia hora à espera do próximo.<br />A minha mãe dizia-me sempre para não aceitar boleias de estranhos. Os pais dizem sempre isso, não é?<br />“Não aceites boleia de gente estranha. Se não tiveres dinheiro para o autocarro, chama um táxi que nós depois pagamos.”<br />Nunca ouviram isso? Quando era novo, não prestava muito atenção, mas agora, pensando bem, torna–se confuso.<br />Eu não podia aceitar boleias de estranhos, mas não havia problema nenhum em entrar num táxi com um gajo que eu não conhecia de lado nenhum. Apesar disso, ainda hoje continuo a andar de táxi.<br />E se o taxista for um assaltante ou, mesmo, um assassino? Será que é o facto de nós pagarmos que nos dá a ilusão de que ele não nos vai fazer mal? Não é um garantia muito segura, pois não?<br /><br /><strong>Conclusão</strong><br />É importante que se compreenda o seguinte: numa piada todos os elementos são importantes. Isto significa que dar preferência a um aspecto pode comprometer seriamente o resultado final.<br />Uma boa punch-line não funciona se o que vier antes não estiver bem articulado. Uma piada bem contextualizada não resulta se não possuir uma sequência bem delineada.<br />Sou o primeiro a admitir que às vezes cometo o erro de não dar igual atenção a todos os aspectos quando escrevo uma piada. É algo que acontece a qualquer um. Até mesmo a mim.Ô<br />Quer isto dizer que basta seguir estas regras (que não são regras oficiais, atenção) e qualquer um pode escrever piadas?<br />Não.<br />(In)felizmente, o humor não pode ser reduzido a compostos básicos. Apesar de, por vezes, ser matemático, existe sempre algo espontâneo. Uma piada dita hoje pode não resultar amanhã, assim como a mesma piada dita hoje por duas pessoas, em locais diferentes, pode resultar apenas uma vez. É uma questão sorte.<br />Não há regras definidas. Apenas circunstâncias. E cabe ao autor utilizar essas circunstâncias o melhor possível. Gerir como conseguir os factores externos e internos para assim fazer humor.</td></tr><tr unselectable="on" hb_tag="1"><td style="FONT-SIZE: 1pt" height="1" unselectable="on"><div id="hotbar_promo"></div></td></tr></tbody></table><blockquote id="6c9ffdda"><br /></blockquote>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118425179162248042005-06-10T10:38:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.605-07:00A FRANCESINHA DO PINHÊRRO E O POTE DE OURO OU O ADAMASTOR NA ILHA DE CRETA<p align="justify">Nota prévia<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a>: O artigo desta semana não é um artigo, é uma história – uma história com dois princípios, um meio e um possível fim. Tentei aplicar aqui as regras da tragédia clássica mas, em abono da verdade, devo confessar que já lá vão alguns anos desde que li a “Poética”; por isso, as minhas desculpas por quaisquer inexactidões narrativas que possa cometer.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a><br /><br /><br /><strong><em>Parte I A – aquela parte do princípio<br /></em></strong>Diz a lenda que, certo dia, movida por questões económicas, as quais estavam directamente relacionadas com o aumento de impostos, uma rapariga – cujo nome se perdeu nos idos da História – embrenhou-se numa odisseia sem precedentes com o intuito de resolver os seus problemas financeiros.<br />Era então o ano de 2005 e o país atravessava um momento de crise provocado pelo défie orçamental e pelo aumento do IVA de 19% para 21%.<br />A rapariga (chamemos-lhe Giselle) soube da história do pote de ouro volumoso<a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn3" name="_ftnref3">[3]</a> que estava sob a guarda do temível Minotauro e resolveu partir para a Grécia.<br />(Se pensarmos no sonho nacional vivido há cerca de um ano atrás – do qual eu não partilhei – que foi o Euro 2004, conseguimos associar o objecto “pote” ao objectivo “sonho”.)<a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn4" name="_ftnref4">[4]</a><br />Chegada à ilha de Creta, a pequena Giselle apanhou um táxi até à zona do labirinto. Como era Domingo de manhã, ainda podia entrar de graça.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn5" name="_ftnref5">[5]</a><br />Ao chegar lá, viu que todos os turistas estavam a fugir como se algo de terrível tivesse acontecido. Porém, o que surpreendeu a pequena Giselle não foi o pânico visível nas faces dos turistas, e sim o facto do próprio Minotauro ser um dos fugitivos.<br />A pequena Giselle barrou o caminho do Minotauro e perguntou-lhe de forma determinada:<br />“Óia, onde é que tu vais?”<br />“Vou-me embora. Estou farto que me chatêem os—<br /><br />Vou fazer aqui um corte. Apercebi-me que se tivesse optado por uma piada fácil como a que estava prestes a usar iriam surgir críticas em relação a isso.<br />Continuemos...<br /><br />“Eu vinha cá por causa do pote de ouro, tásjaver?”<br />“Não ‘tou a ver não.”<br />“Bem! Não sejas chato!”<br />“O pote de ouro está lá dentro. Se quiseres, vai buscá-lo. Eu não volto lá.”<br />E assim foi. O Minotauro foi-se embora e a pequena Giselle entrou no Labirinto.<br /><br /><br /><strong><em>Parte I B – aquela outra parte do princípio<br /></em></strong>Acredito na mudança. Porém, às vezes, até eu fico surpreendido com o grau de mudança que afecta algumas coisas.<br />Este é o meu terceiro (e último) artigo em que eu vou utilizar a personagem conhecida por Adamastor. Sei que existiram e existirão críticas em relação à figura do Adamastor e ao meu uso<a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn6" name="_ftnref6">[6]</a> dela. Contudo, sendo português, devo a honrar aquela velha máxima “Não há duas, sem três.”<br />Porém, neste caso, a tarefa é mais delicada do que supostamente deveria ser. Recordo-vos que a primeira vez que falei do Adamastor estava prestes a ter início o Conclave – no qual o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito Papa. Passaram-se quase dois meses após esse evento e, aparentemente, nada mudou.<br />Porém, esta semana fui uma de várias testemunhas dum Adamastor sorridente.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn7" name="_ftnref7">[7]</a><br />A pergunta é: será que a eleição dum novo Papa trouxe alguma felicidade ao Adamastor? Pessoalmente, duvido que sim. Afinal, o Papa Bento XVI é tão (senão mais) conservador que o anterior João Paulo II.<br />Terão sido, porventura, mudanças no contexto económico (o relatório das contas do défice divulgado recentemente por Vítor Constâncio), cultural (a libertação do Ivo Ferreira do Dubai) ou social (a segunda edição da Quinta das Celebridades) a provocar tais mudanças de comportamento? Talvez (aqui vou mesmo especular) tenha aderido ao serviço Funtastic Life e tenho descoberto na série “Daria” alguém com um gosto pela vida tão grande quanto o seu.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn8" name="_ftnref8">[8]</a><br />Admito que estou um pouco céptico em relação a estas mudanças bizarras de personalidade. Talvez não devesse estar assim – se até o Darth Vader se arrependeu dos seus pecados, porque não o Adamastor?<br /><br /><br /><strong><em>Parte II – aquela parte do meio<br /></em></strong>A pequena Giselle percorreu então o Labirinto e chegou à zona central.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn9" name="_ftnref9">[9]</a> Em cima dum altar de pedra (usado habitualmente para sacrificar cordeiros) estava um pote de ouro. A guardá-lo estava, nada mais, nada menos que... um tipo de barbas e olhos brilhantes.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn10" name="_ftnref10">[10]</a><br />Então, a pequena Giselle aproximou-se do homem de barbas e perguntou-lhe como é que ele se chamava:<br />“Como é que te chamas?”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn11" name="_ftnref11">[11]</a><br />“Mmmmmmário Ramalheira!” disse, estendendo a mão.<br />A pequena Giselle apertou-lhe a mão.<br />“‘Tão...!<a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn12" name="_ftnref12">[12]</a> Posso-te perguntar o que é que queres?”<br />“Sim. Venho buscar aquele pote de ouro, tásjaver?”<br />“Tou a ver, tou.”<br />“Podes mo dar?”<br />“Não senhora! O mê pai lá nos Ameais dizia sempre: ‘Filho...!’.”<br />“Dizia o quê?”<br />“Dizia: ‘Filho...!’.”<br />“Não dizia mais nada?”<br />“Não senhora!”<br />Foi então que o Mário Ramalheira reparou que a pequena Giselle tinha ao pescoço o símbolo da borboleta mágica<a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn13" name="_ftnref13">[13]</a> e decidiu levá-la à presença do seu superior hierárquico.<br /><br /><br /><strong><em>Parte III – aquela parte do fim em que os bons ganham (quase) sempre</em></strong><br />Infelizmente, como o seu superior hierárquico estava em reunião, teve de ser o Adamastor a recebê-lo.<br />Mário Ramalheira levou a pequena Giselle até à presença do Adamastor e deixou-a entregue à sorte.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn14" name="_ftnref14">[14]</a><br />Estava numa sala escura sem qualquer luz para iluminar.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn15" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn15" name="_ftnref15">[15]</a> Então, alguém bateu palmas e as luzes acenderam-se. A pequena Giselle esfregou os olhos, pois o que estava perante si era tão insólito quanto bizarro.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn16" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn16" name="_ftnref16">[16]</a><br />Sentada numa poltrona vermelha estava uma criatura enrugada, uma espécie de híbrido entre humano e réptil. A pequena Giselle pensou então tratar-se dum sportinguista. (Mais tarde, apercebeu-se que assim não era.) Ao lado da tal criatura estava o Adamastor.<br />A pequena Giselle assumiu que a criatura era o chefe do Adamastor e dirigiu-lhe a palavra.<br />“Óia—”<br />Mas foi interrompida pelo Adamastor.<br />“A menina tá a falar com quem? Não vê que isto é um boneco?”<br />E assim era.<a title="" style="mso-footnote-id: ftn17" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn17" name="_ftnref17">[17]</a><br />A pequena Giselle disse então que estava ali para levar o pote de ouro.<br />“Estou aqui para levar o pote de ouro.”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn18" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn18" name="_ftnref18">[18]</a><br />“Nem pensar!”<br />Começou então uma terrível batalha.<br />A pequena Giselle estava em desvantagem perante o poder do Adamastor até que se lembrou das palavras de Mário Ramalheira...<br />“Tu tens o símbolo da borboleta mágica...”<a title="" style="mso-footnote-id: ftn19" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn19" name="_ftnref19">[19]</a><br />(Não me enganei não. Estas foram as palavras de Mário Ramalheira.)<a title="" style="mso-footnote-id: ftn20" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn20" name="_ftnref20">[20]</a><br />(Tens razão.)<a title="" style="mso-footnote-id: ftn21" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftn21" name="_ftnref21">[21]</a><br />Vêem como eu tinha razão?<br />(Não importa. Fazemos de conta que disse.)<br />... e libertou o poder da borboleta mágica.<br />O ataque foi fulgurante e o Adamastor foi vencido. A pequena Giselle aproximou-se do seu oponente. Este falou-lhe numa voz trémula:<br />“Tira-me o capacete...”<br />“Qual capacete?”<br />“Deixa-me ver-te com os meus próprios olhos...”<br />“Tá maluca a muiér!”<br />E assim a pequena Giselle saiu da sala e deixou o Adamastor entregue aos braços da loucura.<br />Antes de sair do Labirinto, a pequena Giselle passou pela zona central e viu um papel ao lado do pote de ouro.<br /><br /><em>Fui ali.<br />Mário<br /></em><br />Então, a pequena Giselle pegou no bote de ouro e saiu porta fora.<br /><br />Fim<br /><br /><br />Três comentários que hei-de ouvir em relação a este artigo:<br />“Não gostei.”<br />“Tá espectacular!”<br />“O puto tá outra vez armado em esperto...”<br /><br /><br />Paciência, não se pode agradar a todos.<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> Para ser lida previamente. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref2" name="_ftn2">[2]</a> Ao dizer isto é óbvio que vão existir inexactidões narrativas. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn3" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref3" name="_ftn3">[3]</a> Volumoso refere-se ao pote e não ao ouro. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn4" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref4" name="_ftn4">[4]</a> Isto sou eu a arranjar explicações para aquelas pessoas cujo nível de inteligência fica aquém daquilo que é considerado a média comum. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn5" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref5" name="_ftn5">[5]</a> Não podia era sair de graça. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn6" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref6" name="_ftn6">[6]</a> Alguns diriam aproveitamento. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn7" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref7" name="_ftn7">[7]</a> O que para mim é um fenómeno capaz de pôr as aparições de Fátima a um canto. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn8" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref8" name="_ftn8">[8]</a> Pouca gente vai perceber esta. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn9" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref9" name="_ftn9">[9]</a> Situada ao centro. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn10" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref10" name="_ftn10">[10]</a> Já pensavam que era o Adamastor, não era? (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn11" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref11" name="_ftn11">[11]</a> Tenho este hábito irritante de me repetir. Já tentei curar-me, mas não há meio. Isto nem à base de Xanax vai lá. Alguém me pode ajudar? (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn12" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref12" name="_ftn12">[12]</a> ‘Tão de “então”, não de “tão” ou “estão”. Para que conste. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn13" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref13" name="_ftn13">[13]</a> E em boa altura o fez porque a piada do “Filho...!” não estava a resultar. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn14" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref14" name="_ftn14">[14]</a> Ou azar. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn15" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref15" name="_ftn15">[15]</a> Lá estou eu com a porcaria das repetições outra vez. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn16" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref16" name="_ftn16">[16]</a> Não é uma repetição, mas admito que era desnecessário. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn17" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref17" name="_ftn17">[17]</a> Ainda pensei em utilizar aqui o personagem do Senhor Imperador, mas depois apercebi-me que isso seria dar-lhe importância. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn18" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref18" name="_ftn18">[18]</a> Eu bem tento, mas é escusado. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn19" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref19" name="_ftn19">[19]</a> Acho que te enganaste nas palavras. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn20" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref20" name="_ftn20">[20]</a> Sim. Mas ele não as disse. (N. A.)<br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn21" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=13046217#_ftnref21" name="_ftn21">[21]</a> Foi uma inexactidão narrativa. (N. A.)</p>Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118425070497335922005-06-10T10:37:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.548-07:00UM ARTIGO ESCRITO À PRESSA SEM QUALQUER ASSUNTO DEFINIDONo artigo da semana passada falei da morte. Desta vez vou falar de algo completamente diferente: a vida... depois da morte.<br />Porque é os fantasmas usam lençóis? Isto realmente faz-me uma certa confusão já que eles tão mortos.<br />Qual é a preocupação deles? Ninguém os vê. Para quê tanto puritanismo?<br />A coisa mais perigosa para um fantasma, a meu ver, e talvez isto explique um pouco esta questão dos lençóis, é, são as sessões de espiritismo. Invocação dos mortos, coisas desse género.<br />Imagino que deve ser comprometedor, tanto para o morto como para o invocador, tar–se a invocar o espírito do espírito do pai e este aparecer completamente nu à nossa frente. Aí sim, eu assustava–me.<br />A verdade é que são 3:20 da manhã de Domingo e ainda não tenho pensado para escrever.<br /><br />(Meia hora depois)<br /><br />Tive várias ideias, só não tenho como articulá-las. Por isso, não vou articulá-las. Pronto. Quem quiser que se desenrasque.<br /><br /><br /><strong><em>Álcool</em></strong><br />Eu acho piada ao nome. Alcoólicos anónimos. É que não sei se já repararam, mas a primeira coisa que uma pessoa faz quando chega a uma reunião dos alcoólicos anónimos é dizer o seu nome e que é alcoólico.<br />Onde é que tá o anonimato?<br />Eu ainda pensei, deixa-me analisar isto como deve ser para não andar aí a tirar conclusões precipitadas. Portanto, temos:<br />“Eu sou um alcoólico.”<br />Bom, acho que toda a gente que tá ali é alcoólica. Não deve haver muita gente a fingir que bebe só para ir a estas reuniões.<br />Agora, para quê dizer os nomes?<br />Bom, é certo que quando uma pessoa tá bêbada, tem tendência para se esquecer de tudo. Talvez quando eles comecem a fixar os nomes seja sinal de que tão no bom caminho da recuperação.<br />O álcool faz-nos divagar. Dá-nos aquela sensação de que sabemos tudo e mais alguma coisa. Desperta-nos a inteligência, por assim dizer.<br />Há aquelas pessoas com um raciocínio demasiado complexo. Daquilo que eu tenho visto, a maior parte dessas pessoas só tem vocação para empregados de mesa, balcões e afins. Pode parecer mau, de certa forma frustrante, mas até faz sentido. Vejam bem:<br />Uma pessoa, completamente deprimida, pede um, dois whiskies. Ao quarto, o barman, que ela não conhece de lado nenhum, fica com uma etiqueta a dizer “Psicólogo” e a pessoa começa ali a desbobinar.<br />O empregado lá diz uma palavrita de vez em quando.<br />O que é que temos aqui?<br />De um lado, um empregado com um raciocínio demasiado complexo para ser compreendido, do outro alguém que não consegue dizer uma palavra sem se engasgar.<br />É o par perfeito.<br /><br /><br /><strong><em>Suicídio</em></strong><br />Lembro-me de ter visto na televisão, há uns tempos atrás, uma campanha da Fundação Portuguesa de Cardiologia, ou Associação não sei. Aquilo eram vários anúncios em que tínhamos uma série de pessoas, provavelmente com problemas cardíacos, que pediam conselhos a um médico que ia de passagem.<br />E o médico, sempre simpático, só dizia:<br />“Ponham-se a andar! Vão dar uma volta!”<br />Não sei porquê, mas pra mim, não é este tipo de coisas que ajuda a melhorar a imagem dos médicos. Só faltava ele dizer:<br />“Eh pá! Vão dar uma volta ao bilhar grande! Desamparem-me a loja!”<br />Queria ver se houvesse alguma daquelas linhas de apoio ao suicídio, apoio a pessoas suicidas melhor dizendo, que fizesse o mesmo. Isto também não faz sentido. Se eles querem suicidar-se, ao darem-lhes apoio, não estão a ajudá-los a suicidar-se? Nunca consegui perceber bem.<br />Mas, dizia eu, se essas linhas fizessem o mesmo, como é que seria?<br />As pessoas ligavam pra lá, todas deprimidas<br />“Ai morreu-me o filho e o irmão e o cão e ninguém gosta de mim.”<br />E do outro lado<br />“Ó amigo, vá-se matar. Não me chateie.”<br />Outra coisa, quase que me ia esquecendo disto. Essas linhas, há algumas que se chamam, ou são chamadas, linhas de apoio a vítimas de suicídio. Como é que é isso? Uma vítima de suicídio, o próprio nome o diz, está morta. Só se o apoio que eles dão for a nível do arranjo fúnebre. Só se for isso.<br />E depois queixam-se.<br />“As pessoas não nos ligam. Parece que têm medo de falar.”<br />Pudera! Talvez se não estivessem mortas...<br />Agora a sério.<br />Se me vêm dizer que não é bem assim, se vêm com aquela conversa do<br />“O que nós fazemos é ajudar as pessoas com tendências suicidas a ver as coisas boas da vida.”<br />Isso não é ajudar. Isso pra mim chama-se ‘fazer inveja’. É a mesma coisa que chegarem-se ao pé de mim e dizer:<br />“Ai! Tou tão sozinho, ninguém quer saber de mim, ando a viver na rua.”<br />Era logo<br />“Agora não posso falar. Vou buscar a minha namorada pra passarmos o fim-de-semana na nossa casa nas Caraíbas.”<br />Como é que acham que ele iria reagir?<br /><br /><br /><strong><em>Natal dos Hospitais</em></strong><br />No Natal existe o Natal dos Hospitais. Para mim, não é que não goste, que não gosto mesmo. Só acho que não é suficiente. Devia haver, sei lá, o Natal das Morgues, porque não? O Natal dos Velórios, por exemplo.<br /><br /><br /><strong><em>Morte</em></strong><br />A morte é vista de várias maneiras, consoante a religião e enfim. Os velórios, por exemplo, já imaginaram como é que são os velórios nas tribos canibais?<br />Aquilo deve ser tipo buffet. Dois canibais encontram-se:<br />“Atão? Tudo bem?”<br />“Tudo, e tu?”<br />“Ah! Também! Olha, vou fazer um churrasco no sábado! Queres vir?”<br />“Vais-te casar finalmente?”<br />“Não. Morreu-me a namorada.”<br />Depois, a pessoa chega lá, senta-se à mesa e espera. Há pessoas a chorar; quem tá a preparar o refogado.<br />Eu acho que o que se deve ouvir mais aqui deve ser:<br />“Ele tinha um bom coração.”<br />“Do fígado então nem se fala. Passa-me aí o pulmão, faz favor.”Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118425020608758382005-06-10T10:35:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.434-07:00DIVAGAÇÃOUma das coisas mais peculiares dos avós é nós termos sempre o mesmo nível de inteligência. Para um avó, um neto tem sempre dois anos. Não passa daí. Pode já ser casado. Ser doutorado em engenharia astrofísica. Os avós continuam sempre a tratá-lo como se fosse um atrasado mental. E por causa disso, continuam a causar embaraços nas piores situações.<br />Tipo, um jovem no fim da licenciatura, que viva com os avós, leva a namorada a casa para conhecer os pais e a avó aparece com um par de cuecas sujas a perguntar<br />“Estas cuecas são tuas?”<br />Tá logo tudo estragado. Não interessa se as cuecas são ou não são dele. Se forem é mau. E mesmo que não sejam, é mau na mesma. Porque não há como voltar atrás.<br />E o pior é que nós não podemos dizer nada.<br />Às vezes acontece estarmos numa situação... delicada. Mas não existem situações indelicadas para uma avó. As avós são tipo os MIB. Entram em todo o lado. Atrevam-se a dizer “Não pode entrar” a uma avó e vão ver a sorte que vos calha.<br />Pode acontecer por exemplo, como já deve acontecido a muita gente (a mim, felizmente, ainda não) uma situação chata que é a avó entrar no quarto, quando nós estamos a tentar aumentar a taxa de natalidade no nosso país, e dizer:<br /> “Não te esqueças da televisão acesa como é teu hábito. Olha que eu tenho mais que fazer do que tar a vir aqui às quatro da manhã para te tar a apagar a televisão.”<br />E nós tentamos manter a calma. Mas não temos muito por onde escolher. Porque, se nós não respondemos, ela começa:<br /> “Tás a ouvir eu falar contigo? Tás? Ouviste o que eu disse?”<br />Por outro lado, se nós respondemos, aí é que tá tudo estragado. Basta dizermos uma coisinha simples como:<br />“Avó, importa-se? Eu e a minha mulher estamos a tentar fazer um filho.”<br /> “Pronto. Desculpe se incomodei. Não se pode dizer nada que fica logo todo enxonfrado. Chiça!”<br />Apesar disto, anseio por chegar a velho. Tenho até um pequeno desejo, um último desejo que é viver até aos 100 anos.<br />Sinceramente, aposto que a Segurança Social não tá preparada para uma situação dessas. Normalmente, as pessoas reformam-se aí por volta dos 65, vivem até aos... 66 e depois morrem. Quando conseguem chegar aos 70, é um caso raro. Aos 80, o caso começa a tornar-se preocupante, são feitos os primeiros contactos com assassinos particulares. Aos 90, começa a haver escassez de fundos, é feito um orçamento. E aos 100?<br />Aos 100, imagino-me deitado numa algures num hospital, ligado a uma máquina. Algures num gabinete secreto, um membro do governo dá ordem para avançar.<br />Horas depois, uma equipa de ninjas, vinda de helicóptero, invade o meu quarto pela janela e corta-me às fatias com as suas katanas. Zás!<br />Ou isso ou enfermeiras subornadas a darem-me uma dose tripla de morfina. Qualquer coisa para aliviar a sobrecarga da Segurança Social.<br />É por isso que, por muito polémica que seja, eu acho que a eutanásia é a única maneira de acabar com a negligência médica. Pelos menos, ficavam mais à vontade.<br />Se a eutanásia fosse legal os médicos não teriam que ter cuidado com a negligência, que neste caso seria manter o paciente vivo. Nem precisavam fazer nada.<br />A medicina é curiosa. Tem coisas bastante peculiares. E outras bastante estúpidas. E uma coisa que eu acho muito, mas mesmo muito estúpida é alguém ir ao médico só para ver se tá doente. Acho que é... não sei.<br />Tipo, um gajo acorda de manhã, com o nariz cheio de ranho, os olhos todos enramelados. Farta-se de espirrar. O que é que ele tem? Se soubesse, diria que tava constipado. Como não sabe, vai ao médico.<br />O médico, a única coisa que faz é dizer “Abra a boca.”, “Respire fundo.”, “Diga 33.”<br />Qualquer dia começam a usar um gravador, já que é sempre o mesmo discurso.<br />E tudo isto ou, apenas isto, custa logo 50 euros. 50 euros para um tipo saber que tá constipado.<br />Às vezes também receita uns comprimidos, mas isso é só quando há promoções. Daquelas que as empresas de medicamentos e as agências de viagem fazem de vez em quando.<br />Eu acho isto tão estúpido, mas tão estúpido!<br />Um gajo tem um acidente, fica sem um braço, vai ao médico.<br />“Ó amigo, parece que você tem um braço a menos.”<br />São tão bons a constatar o óbvio, não são?<br />Qualquer dia vou ao médico quando não tiver doente. Assim são que nem um pêro. Outra expressão estúpida!<br />Vou ao médico e depois quero ver o que é que ele diz. Deve ser qualquer coisa do estilo:<br />“Ó amigo, é impressão minha ou você está com o síndrome da saúde aguda? Olhe que isso é muito perigoso. Vou-lhe receitar umas pneumonias e algumas bronquitezinhas. Assim que começar a sentir o efeito, venha falar comigo, está bem?”<br />Os médicos não gostam de mim. Olham-me de lado. E eu acho que sei porquê. É que quando uma pessoa nasce, regra geral, o médico ou a pessoa que ajuda no parto dá sempre uma palmada. Dizem que faz bem. Mas faz bem a quem? Um gajo tá ali muito bem dentro da barriga da mãe e a primeira que recebe quando resolve sair é porrada? Bela merda de hospitalidade.<br />Ora, eu sabia da palmada antes de sair. Ouvi dizer. Foi por isso que, assim que saí, amandei-me logo de cabeça para o chão, antes que o médico tivesse tempo de fazer fosse o que fosse. Comecei a chorar que nem um desalmado, ia sofrendo um traumatismo craniano, mas felizmente tudo acabou bem. Não tive praticamente sequelas desse pequeno incidente e tenho tido uma vida mais ou menos normal. O médico, esse é que não achou graça nenhuma àquilo, ficou todo lixado comigo. É por isso que quando vou a uma consulta ou fazer um exame, sempre que passa um médico por mim, olha-me sempre de lado. Às vezes vão dois a conversar e eu até chego a ouvir.<br />“Foi aquele. Amandou-se de cabeça.”<br />“Ah! Sacana!”<br />A morte é inevitável. A única coisa que podemos tomar como garantido é o facto de um dia morrermos.<br />Certas pessoas tentam antecipar o seu futuro, saber o que lhes vai acontecer, e vão consultar videntes, astrólogos, etc.<br />Eu, no outro dia dei por mim a pensar numa coisa inquietante:<br />O que é que os videntes fazem quando prevêem a sua própria morte e não lhes acontece nada? Ficam contentes por não terem morrido ou ficam tristes por terem falhado?<br />Fica a reflexão.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424938729014712005-06-10T10:34:00.001-07:002006-10-22T07:36:11.369-07:00ESPECULAÇÃOQuero começar por apresentar um pedido de desculpas. Não por algo que tenha feito, mas por algo que vou fazer. Primeiro, ao contrário do que escrevi no final do artigo anterior, este será mais um artigo sério. Quando existirem condições para escrever artigos mais cómicos, fá-lo-ei. Até lá, terei de ser cisudo. Segundo, algo que também escrevi no artigo anterior, vou falar de coisas que não sei.<br />O título do artigo, como puderam ler, é “especulação”. Pois bem, faça-se jus ao título.<br />Antes de mais, a questão dos iogurtes.<br />Como a maioria de vocês sabe (ou sabia) – e quem não sabia fica agora a saber – até à passada segunda-feira, a empresa Solnave disponibilizava dois iogurtes e uma peça de fruta a troco de uma senha branca. Essa troca realizava-se no Refeitório no intervalo das quatro, tendo sido recentemente cancelada por ordens da Direcção.<br />Não sei quais foram os motivos que levaram a essa decisão, mas analisando a situação com calma (e apenas com base nos elementos que possuo) vejo dois cenários possíveis.<br /><br /><em><strong>· Cenário 1</strong></em><br />A empresa Solnave recebe uma verba fixa no início de cada mês – verba essa calculada pelo Centro com base no número de formandos que assinam a folha das senhas de refeição. Notem que o custo de cada refeição está algures entre os 3.30€ e os 3.40€ (o subsídio de refeição são 3.83€ - façam as contas).<br />O que é que não bate certo?<br /><br />Se consultarmos o regulamento do formando, verificamos que, ao aluno que frequente apenas duas horas de um dia normal de formação é-lhe descontado o valor do subsídio de refeição referente a esse dia. Se, além disso, pensarmos que o Centro só paga as suas contas no final de cada mês, este primeiro cenário deixa de fazer sentido.<br /><br /><strong><em>· Cenário 2</em></strong><br />Passo então para o segundo cenário, porventura mais especulativo, que é o da Solnave ser paga em função do número de senhas brancas que apresenta no final de cada mês. E isto parece grave porque induz-me a pensar que esta acção de distribuir iogurtes foi uma forma de alguém encher o bolso à conta de quem foi lá trocar a senha.<br />Dois iogurtes e uma peça de fruta não custam 3.83€, nem 3.40€, nem 3.30€. Seja aqui, seja no Dubai.<br />Fica-me a sensação de que algo de errado se estava a passar e este tipo de dúvidas, quando não esclarecidas, frequentemente geram boatos; o que, sublinho, não é bom para ninguém.<br />Ainda assim, se este último cenário fosse o mais próximo da verdade não ficaria muito chateado. Isto caso o dinheiro que sobra estivesse a ser usado para melhorar o atendimento e a qualidade das refeições. Talvez seja eu o céptico por pensar que ninguém dá nada a ninguém só por dar.<br /><br />Quero, mais uma vez, reforçar a ideia inicial: eu estou a especular. Não disse, não digo, nem direi que estes dois cenários que apresentei são reais. São análises feitas apenas e só com base nos elementos que qualquer observador atento pode obter.<br />O segundo assunto do qual vos vou falar, tem a ver com questões de avaliação.<br />Sendo um formando neste Centro há quase um ano, estas são questões que já me surgiram em ocasiões anteriores, mas não tinha forma de as divulgar. Até agora.<br />Na semana passada iniciei a quarta e última unidade do meu curso. Não sei se isto de que vou falar também acontece nos outros cursos ou se é apenas no meu – penso que não seja – mas, de qualquer modo, faço aqui uma pergunta: os formadores divulgam as suas notas antes do final de cada unidade?<br />Esta pergunta, em circunstâncias normais, responder-se-ia com um “sim” ou um “não”. Porém, as circunstâncias aqui não são normais e a ambiguidade de critérios leva, mais uma vez, à especulação.<br />Quando questionados sobre notas de trabalhos, testes de avaliação, apresentações orais, notas de fim de módulo, etc, eu e os meus colegas obtivemos dois tipos de resposta radicalmente opostos da parte dos nossos formadores.<br />Uns disseram que não estavam autorizados a divulgar essa informação; os outros não tiveram problemas em dizer quais as notas que iriam dar a cada formando.<br />Não faço ideia quem é que está certo. Serão os que não disseram? Serão os que disseram? Serão ambos? A resposta fica para quem sabe – não sou eu.<br />Penso que é importante dizer isto: compreendo os que não divulgaram as notas por questões de tempo ou falta de contacto, assim como compreendo os que não as divulgaram por não estarem autorizados para tal, e compreendo, obviamente, os que não hesitaram em divulgar as notas.<br />Só não compreendo é porque é que uns podem e outros não.<br />Dito desta forma, poderá parecer que estou a elogiar os que disseram as notas. Não estou – embora tenha apreciado o gesto – e não quero que o facto de eu escrever isto lhes seja de algum modo prejudicial. Estou apenas a especular sobre uma situação.<br />Esta questão de querer saber as notas não é para reclamar seja o que for. A (minha) intenção principal não é essa. Não tenho por hábito contestar as notas dos testes ou dos trabalhos que faço porque, regra geral, estou consciente do que faço e do que não faço. Apenas reclamo o direito de ser informado dos meus resultados. Penso que todos temos direito a isso.<br />De que outra forma poderemos melhorar os nossos erros se não soubermos quais são? No fundo estaremos a especular acerca de nós próprios.<br />Já me explicaram várias vezes como é que funciona o cálculo da média de cada componente, falaram-me do peso da carga horária de cada módulo, falaram-me de tudo isso; só não me falaram é que era suposto ser segredo de Estado para uns e notícia de tablóide para outros.<br />Acabo este artigo com um pedido a todos aqueles em posição de tornar claras as situações que eu aqui expus de darem um passo em frente e dizerem de vossa justiça. Não só em relação a estas, mas a todas as situações que possam causar rumores quando não bem explicadas.<br />Os utentes deste Centro agradecem.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424884070150422005-06-10T10:34:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.307-07:00O DIREITO DE RESPOSTA EXISTE E (AINDA) PODE SER USADOHoje é terça-feira e estou a escrever isto de cabeça quente. Sei que não se deve agir assim, mas estou-me nas tintas para isso.<br />Não gosto de ver os meus planos alterados pelo comportamento ou por comentários de terceiros. Talvez seja esquisitice minha, não sei. E também não importa. Importa o seguinte: primeiro, o “puto”, como alguns têm referido, tem 25 anos (e mesmo que tivesse 15 seria merecedor de respeito a priori) e segundo, assino com nome verdadeiro, e-mail e curso.<br />Admito que alguns dos meus artigos tenham suscitado alguma controvérsia. Ainda bem para mim, pois é sinal que foram lidos. Em relação a terem sido compreendidos, já não posso dizer o mesmo. Digo isto, infelizmente não por observação directa mas, por informações vindas de terceiros.<br />Felizmente (ou infelizmente), as conversas de corredor servem para toda a gente. Um bocadinho aqui, um bocadinho ali e fazemos o nosso filme. Às vezes o resultado final não tem nada a ver com o que realmente é. É o que acontece quando que querem que pintemos uma parede de branco e só temos à mão uma lata de tinta azul.<br />Talvez os erros que me foram apontados tenham a ver com a forma como expus as minhas ideias. Acredito mais nisso – ou aceito melhor isso – na forma como disse o que disse e não tanto no que disse.<br />Compreendo o porquê de certas apreciações (boas e más) que me têm feito. Parte dessas apreciações têm a ver com as analogias e alegorias quer faço. Se calhar sou muito difuso, perco-me com detalhes e miudezas sem interesse. É um defeito meu. E daí talvez não seja. As analogias são feitas com base no que tenho. É como a história da sopa (estou a falar do nome da sopa que foi servida no refeitório na passada terça-feira dia 3); quando não se possui os ingredientes certos a sopa não sai tão bem quanto deveria. Eu não vou fazer comentários à sopa em questão pelo simples facto de não ter almoçado cá nesse dia. Ainda assim, há que admitir que “sopa da panela” é, no mínimo, insólito. Mas passemos à frente.<br />Eu brinco com as coisas – admito-o –, brinquei com o Adamastor, com o Senhor Imperador e outros – e continuarei a brincar enquanto não passar aquilo que considero os limites do aceitável. Podem-me acusar de inconveniente, pretensioso, de só falar mal (embora no artigo anterior tenha falado também de aspectos positivos) – não me incomoda nada. Quando é para falar bem, é para falar; quando é para falar mal, é para falar mal. Não misturo as coisas. Ao contrário do que possam pensar.<br />Desenganem-se aqueles que pensam que eu escrevo para agradar a alguém, não faço isso, mas também não escrevo para desagradar a ninguém. É por isso que fico irritado quando aqueles que se dizem responsáveis (não aponto o dedo a ninguém porque não sei a quem apontar) olham para os meus artigos como se estes fossem algo banal. Pode ser para certas pessoas, para mim não é. Tento que não seja. Às vezes melhor, outras vezes pior. Mas, mais que isso, irrita-me ver quem critique em público, para depois elogiar em privado.<br />O politicamente correcto é muito bonito – a hipocrisia nem por isso. Eu tenho o mesmo defeito. Contam-se pelos dedos duma mão os que não têm. “Sou uma pessoa directa.” Todos somos até sermos confrontados com a verdade (ou com aquilo que os outros interpretam como a verdade).<br />Esta semana gostaria de ter escito sobre os iogurtes, sobre a proibição de dar colheres no bar, sobre a falta de colheres no refeitório, gostaria de ter escrito acerca disto e de muito mais, mas optei por não o fazer.<br />E decidi isto com base em diversas razões, sendo a mais importante a apuração dos factos junto das pessoas responsáveis. Não quero tornar a falar sem saber. Falando de uma forma alegórica, vou tentar arranjar os ingredientes. Caso não os arranje, terei de fazer a sopa com o que tiver à mão.<br />De certeza que não sou a única pessoa aqui a saber escrever. Nem tão pouco sou eu que mando no jornal de parede. Isto é de acesso livre e uma das coisas que aprendi quando estudei Jornalismo durante três anos (foram três anos e não três meses) foi o direito de resposta.<br />Querem criticar, então assumam isso e respondam de uma forma que eu considere válida para considerar. Caso contrário, cai tudo em saco roto.<br />Voltarei para a semana que vem num registo mais próximo do que é habitual. E sim, o Adamastor vai merecer um último artigo (não há duas sem três).Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424839053141702005-06-10T10:33:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.244-07:00UM ARTIGO EM DUAS PARTES<strong><em>Primeira parte – aspectos positivos<br /></em></strong>Para variar um pouco, hoje vou começar por falar de aspectos positivos. Isto não implica que não hajam aspectos negativos a realçar. Há e não são são poucos. Mas já lá vamos.<br />Os aspectos positivos são dois e meio (talvez até sejam mais, mas por agora contentemos-nos com o que temos – até porque não devem ser muitos mais e eu não quero gastar tudo duma só vez): a Iniciativa IEFP + Verde, o actual horário do bar e o feedback via e-mail que os meus artigos têm gerado.<br />Vou começar pelo penúltimo aspecto. Para os novos alunos (novos no sentido de frequência, não de idade – embora existam casos que não é bem assim) este aspecto poderá não ter grande relevância. Para outros como eu que estamos aqui há mais tempo (nada de palmadinhas nas costas, por favor), uns porque merecem, outros porque não, e que apanhámos um bar que fechava entre as 14 e as 15:30 e encerrava às 17 (não me perguntem como é que era de manhã porque eu de manhã tenho mais que fazer do vir para aqui verificar horários) este foi um passo importante que se deu. E este foi o primeiro aspecto positivo.<br />Em relação à Iniciativa IEFP + Verde está afixado um artigo algures neste placard (se ainda não o tiraram) que explica mais pormenorizadamente este protocolo.<br />Finalmente, o último aspecto positivo, a questão do feedback via e-mail.<br />Não tem havido qualquer feedback, o que é bom porque assim fico com a caixa de correio livre para receber chain-mails e pedidos de ajuda de mutilados de guerra zarolhos que não falam nada de português mas que por acaso conseguiram encontrar um tipo que além de fazer bons molhos para saladas também tem um dicionário da Porto-Editora (daqueles dos vermelhos antigos) e escreveu o mail por eles.<br />No que concerne os aspectos positivos, tá tudo dito. Agora, é a doer.<br /><br /><br /><strong><em>Segunda parte – aspectos negativos</em></strong><br />Somos todos camelos mas alguns são mais que outros.<br />Estive a ler o “Animal Farm” do George Orwell (o mesmo Orwell que escreveu o “1984”, que serviu de inspiração para o Big Brother) e resolvi aproveitar uma das grandes frases do livro para complementar este artigo.<br />Porque é que eu digo isso?<br />Bom, para quem não sabe, o camelo é um animal capaz de armazenar grandes quantidades de água no estômago e ficar sem beber durantes vários dias seguidos. (Admito que talvez seja o dromedário que tem esta capacidade. De qualquer modo, finjamos que é o camelo. A piada com dromedários não resultaria.) Eu gosto de beber água também. Principalmente quando tenho sede, ou quando almoço.<br />Não gosto de bater no ceguinho (já demonstrei isso anteriormente), mas desde que o Senhor Imperador fechou a fonte as coisas mudaram e não foi para melhor.<br />Antigamente, quando não haviam jarros disponíveis, sempre se podia ir ao reservatório encher o copo; agora, ou dou um saltinho ao bar ou fico sem beber água durante a refeição – não quero ser o primeiro duma fila de pessoas com copo na mão (mais parece a sopa dos pobres).<br />“Maria vai à fonte...” começa o poema, mas eu não me chamo Maria, por isso...<br />Seguindo em frente...<br />Às 16 horas é a hora (por hora, leia-se 10/15 minutos) dos iogurtes (este é também um aspecto positivo, daí eu ter dito que não queria gastar tudo duma só vez), período que na passada quarta-feira fez despertar o lado mau do Senhor Imperador.<br />Não vou aqui descrever o que se passou – foi mau o suficiente – apenas deixo um conselho: as atitudes tomadas pelos funcionários reflectem-se sempre na imagem da empresa. Já disse uma vez que o exemplo vem de cima, portanto isto não me incomoda nada estar a dizer isto porque quem provocou o incidente parece não se ter preocupado com as consequências. Fez mal.<br />Felizmente, o comportamento irado do Senhor Imperador nem sempre influencia os seus subordinados. O outro morreu com vinte e três punhaladas e disse “Et tu Brutus?”, este tem tido sorte.<br />A minha pergunta, portanto, é: quem serão os verdadeiros camelos? Os que são tratados como tal, ou os que agem como tal?<br />Depois há a questão do pão, que de vez em quando até vem em condições (do dia anterior e não da semana passada). Ora, quando tal acontece, não é de louvar, e sim estranhar.<br />Para acabar, que isto já vai longo, deixo-vos com um pleonasmo que já me começa a irritar: “Avance pra frente!”<br />E eu avanço.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424785045546962005-06-10T10:32:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.179-07:00O ADAMASTOR NA FAIXA DE GAZAHabemus Papam!<br />Há duas semanas fiz referência a uma questão que me preocupava (e ainda preocupa) de sobre-maneira. Para aqueles cuja memória factual é curta, eis uma achega: há duas semanas fiz referência a uma questão que me preocupava (e ainda preocupa) de sobre-maneira. Para aqueles cuja memória factual é curta, eis uma achega: há duas semanas fiz referência a uma questão que me preocupava (e ainda preocupa) de certa maneira. Para aqueles cuja memória factual é curta, eis uma achega: a passagem do Cabo das Tormentas. Usei essa travessia lendária - e o seu guardião (não menos lendário), o Adamastor - como uma forma de alegoria a situações reais.<br />Habemus Papam!<br />O artigo que se segue surgiu naturalmente no decorrer da semana antepassada e é a sequência temática dessa referida alegoria. Aproveito para fazer aqui um parentesis para explicar um pormenor que penso ser importante. (E mesmo que não seja, quem está a escrever isto sou eu.)<br />Habemus Papam!<br />Regra geral, os artigos são escritos sempre de quarta para quinta-feira. Para que não hajam males-entendidos, a ideia para este artigo surgiu na antepassada quinta-feira, dia 14 de Abril. Aconteceu que o artigo publicado na semana passada (a entrevista com o senhor Artur Somsen de Neves e Orville) estava pronta desde terça-feira (dia 12 de Abril).<br />Habemus Papam!<br />Foi precisamente nessa noite de terça-feira que fui brindado com um documentário passado no canal :2 e depressa percebi que era uma oportunidade que não podia deixar passar em claro. Ainda pensei em adiar a publicação da entrevista para esta semana e publicado este artigo na semana passada, mas não o fiz. E porquê? Por duas razões. Primeiro para criar suspense. Segundo porque, caso o tivesse feito, tudo o que escrevi até agora não faria qualquer sentido.<br />Habemus Papam!<br />O documentário, chamado "Checkpoint", focava o dia a dia num posto de controlo da faixa de Gaza e, vá-se lá saber porquê, não pude deixar de sentir alguma familiariedade com o povo palestiano, bem como um tipo de postura da parte do soldado israelita assim a fazer lembrar certa figura da mitologia portuguesa.<br />Habemus Papam!<br />Uma das situações exibidas foi a de um camionista que tinha de ir a Jerusalém para descarregar a mercadoria e depois voltar. Deixaram-no passar para lá. Para cá é que a situação já não foi tão fácil. Questões de humor, entenda-se. É óbvio que, se não o fosse o facto de estar lá uma cadeia de televisão a filmar, a situação não se teria resolvido da forma como se resolveu.<br />Habemus Papam!<br />Transportando esse caso para a nossa realidade, imaginemos, um caso PERFEITAMENTE HIPOTÉTICO. Imaginemos que um de nós precisa de passar a faixa de Gaza, tal como aquele camionista no documentário, não por sermos camionistas, mas para irmos até à Terra Santa.<br />Habemus Papam!<br />Conseguem imaginar o Adamastor na faixa de Gaza?<br /><br />ADAMASTOR: Onde é que pensa que vai?<br />VÍTIMA: Vou ali dentro.<br />ADAMASTOR: Não vai não. Isso é que era bom.<br />VÍTIMA: Mas eu tenho uma reunião com--<br />ADAMASTOR: E o que é que eu tenho a ver com isso?<br />VÍTIMA: Mas eu preciso de ir lá dentro!<br />ADAMASTOR: Precisa, mas não vai.<br />VÍTIMA: Mas porquê?<br />ADAMASTOR: Porque não. E se eu digo que não, é porque é não. Quem manda aqui sou eu.<br /><br />Habemus Papam!<br />O diálogo anterior é uma transcrição de uma situação exibida no tal documentário. Fiz algumas alterações nas falas da chamada VÍTIMA porque não estou a ver ninguém aqui neste Centro a precisar de ir a Jerusalém (ainda que possa haver um camionista ou outro por aí), de resto está tal e qual. Dizem que não se deve bater no ceguinho. Há tanta coisa que não devia ser feita e que nós fazemos. Não faço tenções de atirar a primeira pedra.<br />Habemus Papam!<br />O Conclave já se realizou. Habemus Papam e o Adamastor continua à solta. Talvez daqui a uns anos a coisa mude.<br />Por esta semana é só. Não vá o Adamastor sentir-se lesado. Ah! Antes que me esqueça, aquela história de ir até à Terra Santa era apenas em sentido figurado. Para que conste.<br /><br />Desculpem lá por aquela coisa do “Habemus Papam!”. Foi só para um colega meu ver como foi chato foi durante as últimas semanas. Prometo que não o volto a fazer.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424747017392022005-06-10T10:31:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.119-07:00ENTREVISTA A / ENTREVISTA COMEsta semana, em vez do habitual artigo, trago a entrevista que se fazia necessária há algum tempo. E daí, talvez não. Se calhar a culpa foi minha por não ter arranjado um assunto para desenvolver. Ainda pensei em escrever algo sobre o cesto do lixo que está no bar nas sextas-feiras ao fim da tarde – altura em que a quantidade de lixo no chão é superior à quantidade de lixo no cesto (mais por questões de espaço do que por questões de atitude) – mas cedo cheguei à conclusão que seria escusado. Talvez esteja a ser pessimista sem razão. Talvez…<br />Houve também quem me tivesse pedido para escrever um artigo sobre a comida no refeitório actualmente a cargo da empresa Solnave (para que não hajam dúvidas de quem é que estou a falar). Achei melhor não o fazer. É uma questão de ser politicamente correcto. Poderia dizer “Não é que eu não goste. Simplesmente não tenho hipótese de comer noutro sítio.” Poderia, mas não direi, uma vez que a empresa Solnave foi simpática o suficiente ao permitir que usasse o seu espaço para realizar a entrevista que se segue. Além disso, serviu-nos também uma salada de bacalhau com grão, o que também não foi mau.<br />Portanto, como ninguém se ofereceu para ser entrevistado, resolvi ser eu a tratar do assunto. Como meu convidado, está Inácio Viterbo, figura cimeira da Associação Portuguesa de Calceteiros e eu vou entrevistar Artur Somsen de Neves e Orville, Agrião-Mestre da Grande Loja da Sónia.<br /><br />Joel Gomes (JG): Senhor Orville, antes de mais, gostaria de agradecer por ter aceite o meu convite. Já provou o bacalhau?<br />Artur Somsen de Neves e Orville (ASNO): Não precisa de ser tão formal. O grão não está mau. O bacalhau é que mal se nota. Pode me tratar por Tutu.<br />JG: Tutu…? Prefiro antes o Artur. Não leve a mal, mas… Com licença, apanhei uma espinha. Para começar, uma dúvida: quem é a Sónia?<br />ASNO: Não faço ideia. Sabe o que foi? Peço desculpa, apanhei uma espinha também. É que o nome que eu tinha pensado originalmente já tinha sido escolhido.<br />JG: Suponho que se está a referir à Grande Loja Maçónica.<br />ASNO: Não. Era a Cunhas e Cunhas LDA. Mas essa também não é má. Sabe quem é o dono?<br />JG: A Grande Loja Maçónica pertence à Maçonaria.<br />ASNO: Raio de bacalhau. É só espinhas isto. Ai é desses?<br />JG: Realmente. Ainda não comi uma garfada que não tivesse pelo menos três ou quatro espinhas. Conhece a Maçonaria?<br />ASNO: Então não conheço? É só cunhas esse pessoal.<br />JG: Não estará a falar da marcenaria?<br />ASNO: Eu sei lá. Isso pra mim é tudo o mesmo. Bolas para as espinhas!<br />JG: Dê-me só um instante. Vou só ali buscar um jarro de água.<br />ASNO: Vá lá.<br />JG: Continuando... É servido?<br />ASNO: Se não se importar.<br />JG: Claro que não. Há pouco disse que o nome original era para ser Cunhas e Cunhas LDA. Quem são os Cunhas? Familiares seus?<br />ASNO: Não. Fui eu que me enganei. O nome até era para ser só Cunhas e. Só que não ficava bem. Foi por isso que pus o LDA – porque era limitada a mim. Porra! Esta água sabe a lixívia!<br />JG: Realmente... Já bebi frascos de amoníaco que sabiam mais a água que isto. Porquê Cunha?<br />ASNO: Sei lá porquê?! Uma pessoa já não se pode enganar? Querem lá ver? E estas espinhas já me começam a chatear!<br />JG: Eu até passava para a sopa, mas se estiver tão má quanto estava ontem é melhor não. Passando para outros assuntos, estamos em Tomar, cidade berço dos Templários em Portugal. De que modo é que esta ordem secular influencia os seus negócios?<br />ASNO: Porque é que havia de influenciar?<br />JG: Não sei. Pensei que…<br />ASNO: Pois pensou mal.<br />JG: Mas está a gritar comigo porquê? Eu fiz-lhe algum mal?<br />ASNO: Não ligue. A culpa é das espinhas.<br />JG: Tudo bem. Que projectos tem na gaveta para o futuro?<br />ASNO: Na gaveta não tenho nada porque queimei os móveis durante o Inverno, mas tenho um papel aqui no bolso. Se me der licença…<br />JG: Com certeza.<br />ASNO: Ora aqui está. Vou ler. “Projectos para o futuro”. O título é provisório. Gosta?<br />JG: Não é mau.<br />ASNO: “Projectos para o futuro. Principal projecto para o futuro: arranjar um projecto para o futuro”.<br />JG: Foi a entrevista com Artur Somsen de Neves e Orville, Agrião-Mestre da Grande Loja da Sónia. Obrigado pela sua presença.<br />ASNO: Obrigado, eu. Mas da próxima vez eu escolho o sítio para almoçarmos.<br />Inácio Viterbo (IV): Então e eu?<br />JG: Você o quê?<br />IV: Convidou-me para estar aqui e não me uma única pergunta.<br />JG: Porque é que havia de fazer? Você não era o entrevistado.<br />IV: Mas você convidou-me.<br />JG: Pois foi. Convidei-o para uma entrevista. Mas nunca disse que o ia entrevistar. Tem de prestar mais atenção para a próxima.<br />IV: Ao menos que me tivesse deixado comer bacalhau em vez dum iogurte e uma maçã.<br />JG: Esteja calado, porque você comeu melhor que nós.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424703349557052005-06-10T10:30:00.000-07:002006-10-22T07:36:11.051-07:00O ADAMASTOR E O CONCLAVEEsta semana tenho muita coisa para falar mas, antes disso, gostaria de tornar a avisar os demais representantes das turmas aqui existentes que continuo à espera das vossas respostas. Não pensem que este artigo será dedicado a vocês – quem leu o último artigo poderá estar a pensar “Então mas o gajo disse...”. Errado. Não disse – escrevi. E a razão não é somente essa.<br />A verdade é que esta semana foi rica em acontecimentos marcantes. Sendo o mais marcante de todos – já sabem – o lançamento do livro de Pedro Namora, perdão, a morte do Papa João Paulo II. Já passou uma semana e alguns dias depois da morte deste e quem tem conseguido acompanhar as poucas notícias que têm surgido aqui e ali sobre o assunto saberá que no dia 18 deste mês vai-se realizar o Conclave. No dia 19 tenho um trabalho de Matemática para entregar. Coincidência? Eu não creio. Como diria aquela escritora portuguesa que só consegue vender livros no Modelo (de preferência junto da secção de Higiene ou Charcutaria): Não há coincidências.<br />O Conclave, para as poucas pessoas que não sabem, acontece sempre que nós pegamos num grupo de pessoas de idade avançada (<strong>atenção</strong>, não superior a 80 anos) e as trancamos numa sala sem hipótese de contactar com o exterior, servindo-lhes apenas pão e água, até se decidirem sobre determinado assunto. Dito duma forma clara e simples, é a resposta católica ao problema da abstenção.<br />Ora, sendo Portugal um país constitucionalmente laico, em que a Igreja – neste caso, a Católica – não possui um papel, digamos, relevante, percebe-se porque é que os portugueses não gostam de ir às urnas. Quer dizer, a própria expressão “ir às urnas” desanima um pouco. Quem vai para as urnas são as pessoas cremadas.<br />Atenção. Não vejam isto como qualquer espécie de ataque seja a quem for. Não tenciona ser. E se, acidentalmente, for (ou parecer) desde já as minhas desculpas.<br />A verdade é que uma eleição, seja ela de que tipo for, tem sempre interesses políticos adjacentes. É por isso que hoje vou falar do gigante Adamastor e da minha (tentativa de) passagem do Cabo das Tormentas.<br />O Adamastor a quem eu me refiro é-lo em sentido figurado – tal como o é nos livros de História. Em artigo prévio referi a questão do politicamente incorrecto. É com base nisso que <strong>NÃO</strong> vou escrever aqui que o Adamastor é funcionário (notem que não estou a especificar qualquer género) desta instituição – vou antes dizer que conduz um carro funerário, perdão, que tem muito mau gosto para escolher carros.<br />Por vezes coloco-me no papel de formando – não é difícil para mim fazê-lo – porque tenho necessidade de tratar de assuntos processuais que surgem, inevitavelmente, no fim de cada mês. Infelizmente, o Adamastor barra-me sempre o caminho. Não posso, por esse motivo, ser considerado um Bartolomeu Dias.<br />É verdade que já cheguei ao Cabo das Tormentas mas, ainda não consegui passar para o outro lado da fronteira. Houve uma vez que estive quase, aproveitando uma distracção do Adamastor, mas este apanhou-me e disse numa voz irritante que me trouxe logo à memória a Directora da minha escola primária: “O menino onde é que pensa que vai?”<br />Decompondo isto em fases: chego e bato, mas não entro. Pareço mais uma Testemunha de Jeová do que outra coisa qualquer.<br />Atenção, por favor, mais uma vez. Não julguem esta referência às Testemunhas de Jeová como algo intencionalmente depreciativo. É que entre elas e eu – elas às vezes ainda conseguem que lhes abram a porta – elas acabam por ter mais sorte. É tudo política, meus amigos.<br />Falei do falecido Papa no início do artigo. Agora vão escolher um sucessor. Vão trancar cento e tal pessoas para escolherem <strong>um</strong> homem. A minha pergunta é simples e, no meu ver, oportuna: quando é que trancam alguém numa sala para escolher um sucessor para o Adamastor? Ou, melhor ainda, quando é que trancam o Adamastor numa sala – de preferência blindada, só com uns furinhos no tecto para deixar entrar o ar?<br />Não sou uma pessoa má (e ai de quem afirrmar o contrário), apenas acho que os lugares não devem ser cativos – a não ser quando são comprados previamente. Ninguém é insubstituível. Por esta ordem de ideias, o Adamastor deve ter assegurado o cargo ainda antes da instituição existir.<br />Todos os meses, quase sem excepção, acontece o mesmo e, francamente, começo a ficar cansado. Posso estar enganado em relação a um ou outro aspecto – admito que sim, o benefício da dúvida deve ser sempre considerado – mas, no que me afecta directamente, estou 100% certo.<br />Estou certo do que escrevo e porque o escrevo e posso me gabar de não falhar muito em termos ortográficos. É por isso que, olhando para as placas recentemente colocadas junto da entrada das salas de formação que não vejo outra hipótese senão congratular-me pela forma como escrevo. Tenha sido por preguiça, descuido ou incompetência, os erros estão lá. “Gralhas” todos nós as fazemos (até eu), por isso sugiro que corrijam os erros e troquem as folhas. Não custa nada.<br />O Conclave está prestes a começar. Sigam o meu concelho e tranqem o Adamastor. E aproveitem para fazer um inqérito imterno sôbre a hortugrâfea..<br />Já agora, uma última nota em relação ao uso da Mediateca como salão de festas na passada quarta-feira, dia 7 de Abril do corrente ano (para que conste) – o exemplo deve vir de cima. Sempre.<br />É por tudo isto que tenho sérios receios que o lugar do Adamastor seja mesmo um lugar cativo.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13046217.post-1118424593576785622005-06-10T10:29:00.000-07:002006-10-22T07:36:10.977-07:00SERMÃO DO PASTOR ABÍLIO AO REBANHOEsta semana fui ao baú – que é, como quem diz, ao fundo da gaveta – e descobri algum material inédito. O texto que se segue não me pertence. Quer dizer, se calhar até pertence e eu não me lembro. Isto porque quando comecei a escrever a sério (falando em termos de regularidade, não de conteúdos), aí por volta dos 15 anos, costumava ter um, às vezes dois parceiros de escrita. Talvez o texto seja de algum deles. O material é antigo e quem me conhece há muito tempo sabe que há mais papelada no meu quarto que em qualquer Registo Civil. Daí a confusão.<br />Trata-se duma alegoria, um pouco ao estilo do “Sermão do Padre António Vieira aos peixes”, e diz assim:<br /><em>“O pastor Abílio era pastor havia mais de dez anos. Vivia sozinho nas montanhas com o seu rebanho – era toda a companhia que precisava. Os seus vizinhos não gostavam muito dele, diziam-no ser demasiado instável e rancoroso. Abílio não considerava as suas opiniões como válidas. Pura e simplesmente, não as considerava sequer.<br />Ocasionalmente, Abílio ausentava-se e ia fazer vida para outras terras, deixando o rebanho entregue à sorte.<br />Um dia, certo cordeiro indignou-se com esta atitude, fez seus os protestos que sabia serem os mesmos dos seus irmãos e irmãs e confrontou Abílio com as suas opiniões. Mas, assim como Abílio descurava a opinião dos seus colegas, menos ainda considerava a opinião do seu rebanho.<br />A conversa, que se pretendia amena e lógica, tornou-se então uma discussão em que a troca de argumentos cedeu perante o poder da força e o assunto passou para autoridades em patamares mais elevados.<br />O pobre cordeiro deixou-se confiar no funcionamento das instituições e foi apanhado desprevenido vieram buscá-lo para ser linchado.<br />Abílio, satisfeito com a decisão, sorriu para o cordeiro uma última vez ao vê-lo ser conduzido para o matadouro, indo de seguida reunir o resto do rebanho. Desta vez, sob rédea mais curta.”<br />17/09/97</em><br /><br />Em relação à convocatória publicada na semana passada, continuo ainda à espera dos vossos convites. Aceitem senão o próximo artigo será dedicado a vocês. A bem ou a mal.Joel-G-Gomeshttp://www.blogger.com/profile/07139108723605155103noreply@blogger.com5